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Queda de popularidade (para 81%) não deprime Marcelo

Estela Silva / Lusa

Em entrevista à TVI, o Chefe de Estado revelou não estar preocupado com a queda da sua popularidade entre os portugueses, dando conta que este assunto não lhe “causa depressão”. Marcelo Rebelo de Sousa apontou ainda o que falta a Portugal “para sair da cepa torta”.

“A última sondagem, que saiu anteontem, dá 81% de popularidade. Portanto, acima de 70%, que era a média, a mais fraca das sondagens dava 67,5%. Se isso é queda não é propriamente uma coisa que me cause depressão”, desvalorizou assim os números, em entrevista para o Jornal das 8 da TVI que todas as segundas-feiras é editado pelo escritor e comentador político Miguel Sousa Tavares.

Apesar de ter admitido que sentiu o descontentamento de algumas pessoas, nomeadamente da sua família política, por ter apoiado a gerigonça, Marcelo -rebelo de Sousa explica que apenas o fez para garantir a “estabilidade política”.

Ainda assim, acredite o Chefe de Estado, conta agora com o apoio do centro-direita. “Para as sondagens andarem nos 80% é porque uma fatia muito importante do centro-direita tem um juízo positivo, senão não se chegava lá, uma vez que há sempre um eleitorado mais à esquerda que nunca irá apoiar uma recandidatura minha”, sustentou Marcelo que falava em direito de Belém.

Questionado sobre uma possível recandidatura, Marcelo Rebelo de Sousa manteve o discurso: só tomará uma decisão “em meados do próximo ano”. “Das duas uma: ou sou candidato e, caso isso aconteça, não vou utilizar a presidência para a campanha eleitoral, terei o recato de fazer apenas o que tenho de fazer na política externa, ou não sou candidato e saberei sair de uma forma discreta para deixar o palco aos candidatos”.

De acordo com o Presidente, para a decisão podem influenciar dois fatores: a sua saúde e o panorama que se viverá, quer a nível nacional quer a nível internacional.

“Se acha que me vou recandidatar é porque, primeiro, acha que estou de boa saúde. Veremos se estou daqui a um ano e alguns meses. E, em segundo lugar, é porque acha que o equilíbrio de forças em Portugal e que o ambiente internacional é semelhante àquele que me levou a candidatar-me em 2016, mas pode ser ou não ser. Veremos”.

Fogos de 2017 marcam momento de tensão com Governo

Segundo adiantou na mesma entrevista, durante os três anos de mandato, o maior momento de tensão entre a Presidência da República e o Governo foram os incêndios que em 2017 assolaram o país. Nessa altura, notou, as suas “leituras”  e as de António Costa “não foram coincidentes no tempo sobre a realidade”.

“Entendi que a maioria esmagadora dos portugueses olhava para o poder político dizendo “[os políticos] descolaram da realidade, não estão a perceber que não podem morrer impunemente mais de 100 pessoas e não haver uma mudança de vida’”, afirmou.

O Presidente da República garantiu ainda que, caso a tragédia de junho de 2017 se tivesse repetido, teria dissolvido a Assembleia da República. “Não escondo que foi a única circunstância que me levou a dizer aquilo que eu disse e que, traduzido em miúdos, é que se, no ano seguinte, houvesse uma situação idêntica haveria dissolução do Parlamento”.

Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se ainda preocupado com o agravamento da conjuntura económica mundial. Apesar de considerar que Portugal está preparado, uma vez que tem uma “boa almofada financeira”, sublinhou que é preciso fazer mais.

“Acho que temos que trabalhar mais, em termos de mais e melhor investimento, mais exportações e mais crescimento”, notou, acrescentando que apesar de o crescimento de Portugal se estar a “aguentar acima da média europeia pode não ser suficiente no caso de haver uma desaceleração económica maior na Europa e no mundo”, frisou.

Sousa Tavares questiona, por fim dirigindo-se a Marcelo como uma pessoa passou “anos e anos” a analisar Portugal e a vida política, o que falta ao país para “sair da cepa torta” e para se tornar um país desenvolvidos como os demais países europeus.

O Presidente responde que faltam várias coisas e, apesar de o país já as estar a melhorar, está constantemente a correr “atrás do prejuízo”. Ainda assim, elenca três principais dicas.

“Falta haver consensos de regime”, pois “não é compreensível como é que em matérias básicas como a Justiça, a Segurança Social ou a Saúde há sempre a tentação de mudanças de governo para governo e não há capacidade de antecipação e estabilização (…) Falta haver uma atenção dos protagonistas políticos à reforma do Estado” e, por fim, “falta haver uma capacidade de antecipação e de fortalecimento da sociedade civil”.

Marcelo Rebelo de Sousa, que atingiu os três anos de mandato na Presidência da República no passado 9 de março, foi eleito em 2016 com mais de 50% dos votos. As próximas eleições presidenciais realizam-se em janeiro de 2021 e o atual Chefe de Estado pode contar com um aliado “histórico”: o Partido Socialista.

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