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Costa recusa braço de ferro com enfermeiros. Cristas acusa-o de pintar problemas de cor de rosa

Manuel Almeida / Lusa

O primeiro-ministro recusou esta segunda-feira a existência de um braço de ferro entre o Governo e os enfermeiros, mas defendeu não poder haver acordo em tudo, “porque há reivindicações que são absolutamente impossíveis”.

“Não há nenhum braço de ferro”, começou por dizer o primeiro-ministro quando questionado pelos jornalistas.

E acrescentou: “Agora, não há acordo quanto a tudo, porque há reivindicações que são absolutamente impossíveis no esforço que temos vindo a fazer, e que temos de continuar a fazer, para continuarmos a contratar mais profissionais, podermos continuar a não aumentar as taxas moderadoras, podermos continuar a investir em equipamento, em novas instalações que melhoram também as condições de trabalho de quem trabalha”.

António Costa respondia aos jornalistas à margem da inauguração do novo centro de saúde de Odivelas, no distrito de Lisboa, que representou um investimento de 1,4 milhões de euros, para servir 41.800 utentes.

O chefe de Governo considerou que, se o Executivo quiser “fazer tudo isto”, terá de “conjugar as diferentes necessidades”, comparando esta questão à “vida de uma família”. Questionado pela Lusa sobre se já avançou com a queixa na Justiça contra a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, como anunciou em fevereiro, o primeiro-ministro indicou apenas que “os factos foram transmitidos às autoridades próprias”.

Cristas acusa costa de pintar situação de cor de rosa

A presidente do CDS acusou o primeiro-ministro de pintar de cor de rosa os problemas da saúde e visitou esta segunda-feira um hospital de Lisboa integrado num centro hospitalar que, segundo disse, continua com problemas preocupantes.

Quase à mesma hora a que António Costa visitava um centro de saúde em Odivelas, Assunção Cristas estava reunida com a administração do Hospital de São José, em Lisboa, para, afirmou, “partir do conhecimento de uma realidade e não fingir que a realidade é cor de rosa, que é o que o primeiro-ministro faz”.

Após uma reunião de cerca de uma hora, a líder centrista afirmou ter ficado preocupada com o que ouviu, dado que hospital pertence a um “centro hospitalar que no ano passado diminuiu o número de cirurgias, número de consultas, aumentou os tempos de espera”. Em conclusão, terminou o ano “com um défice de mais 200% relativamente ao ano anterior, ou seja, um buraco de 90 milhões de euros”.

O CDS, afirmou ainda, tem apresentado muitas propostas na área da saúde e tem “colocado muita pressão sobre o Governo, que tem a faca e o queijo na mão, que andou a enganar os profissionais de saúde”. “Andou a apregoar o fim da austeridade que nunca existiu e isso está à vista de todos”, acrescentou, dando como exemplo a visita que fez esta manhã, respondendo, indiretamente, às declarações de Costa.

A visita da líder do CDS ao São José foi a primeira que, na próxima semana, o CDS vai fazer a vários hospitais do país para avaliar o estado da saúde no país. O agendamento destas visitas da líder do CDS coincide com várias deslocações previstas do chefe do Governo, também a estruturas de saúde, e Cristas assumiu que não é coincidência.

“Nós queremos, como sempre, contribuir positivamente para as soluções. Para isso temos que mostrar os problemas e não estar a escondê-los, não fingir que está tudo bem”, afirmou, considerando “as coisas estão mal”. Inspirada na visita ao São José, a líder centrista defendeu mais recursos para os hospitais, com mais autonomia, por exemplo, e ainda recorrendo “aos chamados centros de responsabilidade integrada”.

Este centros, exemplificou, “permitem equipas de médicos e enfermeiros gerirem o seu trabalho, com alguma autonomia e flexibilidade e aí certamente encontrar também um ambiente mais favorável para que todos os profissionais possam exercer o seu trabalho e se sintam valorizados”.

A líder dos centristas lembrou propostas passadas do seu partidos, sobre o financiamento da saúde, menos ligadas aos “tais números da produção” com que o primeiro-ministro tem respondido nos debates quinzenais no parlamento, e “mais ligados ao resultado concreto para a saúde do doente”.

“Isso é muito importante para perceber a qualidade do serviço prestado. Como é importante também dar autonomia aos hospitais para poderem gerir melhor os recursos humanos que têm e poderem fazer contratações, por exemplo, quanto a baixas prolongadas, ou quanto às reformas”, concluiu,

Com um dia dedicado exclusivamente à saúde, Assunção Cristas evitou e não comentou qualquer outros assunto, como as polémicas em torno do Novo Branco.

ZAP // Lusa

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