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Metade do país está em situação de seca (e a região do Alto Sado pior do que em 2018)

Metade do país está em situação de seca, com as culturas do arroz e do milho a correrem o risco de não se realizarem por falta de água na bacia do Alto Sado. Todas as bacias hidrográficas do país apresentam taxas de armazenamento abaixo da média.

Segundo avançou o Expresso, a dois meses do início da campanha de rega na agricultura, a situação mais crítica a do Sado, onde já estão em causa culturas como o arroz, o milho ou outros cereais de regadio.

O alerta foi dado esta segunda-feira pela Federação Nacional dos Regantes de Portugal (FENAREG), na sequência de uma reunião com o ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos. De acordo com o presidente da organização, José Núncio, do Tejo para sul – excluindo a zona de regadio de Alqueva – a situação “é já muito preocupante”.

Como indicou, nas zonas de Campilhas e Alvalade “a situação está pior agora do que há um ano. Neste momento, o risco de não se realizarem as culturas anuais do arroz e do milho é já da ordem dos 50%”.

O presidente da FENAREG – que representa mais de 25 mil agricultores, responsáveis por regarem 135 mil hectares -, salienta o facto de Espanha já ter comunicado que as suas disponibilidades também são baixas e podem não cumprir os caudais mínimos dos rios que atravessam a fronteira para Portugal, caso seja necessário acionar o regime de exceção.

“O cenário atual é comparável com o de 2016, uma situação cautelosa e que exige planeamento”, sublinhou.

A FENAREG indicou ainda que, nos regadios coletivos, o armazenamento de água regista níveis que asseguram a campanha de rega, exceto nos aproveitamentos hidroagrícolas de Campilhas e Alto Sado e de Alfandega da Fé. Nos regadios privados, porém, a situação é mais preocupante, uma vez que estes não têm capacidade de armazenamento de água interanual (para mais que uma campanha de rega).

A organização exige também a redução dos custos da energia elétrica associada ao regadio, através da implementação de tarifários ajustados à sazonalidade da agricultura e da redução de taxas e impostos nos contratos de eletricidade.

José Núncio garantiu ter discutido várias vezes este assunto com o anterior secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches. “Na última reunião que tivemos disse-nos, inclusivamente, que o assunto iria ser resolvido. Entretanto, saiu do Governo e, com o seu sucessor, João Galamba, ainda não tivemos nenhuma reunião”.

Entretanto, no seu mais recente relatório climatológico, o IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera, referiu que o valor médio da quantidade de precipitação, em fevereiro (34.4 milímetros), corresponde a cerca de 34% dos valores normais para a época – sendo este mês já o 4º fevereiro mais seco desde 2002.

No mesmo relatório, o IPMA indica ainda no final do segundo mês deste ano “verificou-se um aumento da área de seca em relação ao final de janeiro, com todo o território em seca meteorológica”, ou seja, mais grave ainda do que o anunciado pela FENAREG.

Os dados do IPMA apontam para 4,8% do território em regime de seca severa, 57,1% em seca moderada e 38,1% na classe de seca fraca.

TP, ZAP //

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