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Sob ameaças de prisão, Juan Guaidó regressa hoje à Venezuela

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Miguel Gutierrez / EPA

Juan Guaidó convocou concentrações em toda a Venezuela para segunda-feira e anunciou o seu regresso ao país, depois de ter visitado países latino-americanos, desvalorizando uma ordem judicial que o proibia de sair do território nacional.

“Anuncio o meu regresso ao país. Convoco o povo venezuelano a concentrar-se, em todo o país, amanhã às 11h00 [15h00, em Lisboa]”, escreveu Guaidó na sua conta do Twitter, sem dar detalhes sobre o seu regresso.

O presidente do Parlamento venezuelano, reconhecido por mais de 50 países como presidente interino, anunciou numa outra mensagem que fará um balanço da sua viagem e anunciará as “próximas ações” às 20h30 (00h30, em Lisboa), através das redes sociais.

Guaidó partiu este domingo de Salinas, no Equador, onde, no sábado, se reuniu com o presidente Lenín Moreno, bem como com migrantes e refugiados venezuelanos.

O regresso de Guaidó, que numa semana também visitou a Colômbia, o Brasil, o Paraguai e a Argentina, representa um desafio para o presidente Nicolás Maduro, que deve decidir se vai prendê-lo e provocar uma forte reação internacional, ou deixá-lo entrar no país, colocando em causa a autoridade do poder judicial.

“O desafio chegou longe demais. Se entrar e o prenderem, vão gerar fortes reações internas e internacionais. Maduro está em risco permanente“, assegurou à agência noticiosa France-Press o analista político Luís Salamanca.

Ainda não está claro a partir de que país que Guaidó entrará na Venezuela: se o fará pelo aeroporto internacional Simón Bolívar, ou furtivamente como quando saiu, segundo ele, ajudado por militares venezuelanos na fronteira com a Colômbia.

Guaidó saiu da Venezuela a 22 de fevereiro para assistir a um concerto na fronteiriça cidade colombiana de Cúcuta de apoio à sua oposição a Maduro e para defender a entrada de ajuda humanitária, tendo depois começado a sua viagem pela região.

O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e a Procuradoria-Geral, aliados do Governo, abriram investigações contra Guaidó por “usurpação” de funções e ditaram, além do impedimento de saída, o congelamento dos seus bens.

A crise política na Venezuela agravou-se a 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se auto-proclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um Governo de transição e organizar eleições livres. A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceu Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

No último fim de semana, agravou-se a situação junto à fronteira com a Colômbia e com o Brasil, onde se registaram confrontos, que provocaram pelo menos quatro mortos, com as autoridades venezuelanas a impedirem a entrada de ajuda humanitária no país. Na Venezuela vivem cerca de 300 mil portugueses ou lusodescendentes.

// Lusa

1 Comment

  1. O que acontecer a Guaidó será da sua exclusiva responsabilidade. Se ele entende que está em posição de desafiar as autoridades do seu país isso faz parte de um processo de luta. Quem luta deve esperar tudo, pois diz o diatdo, “quem vai à guerra dá e leva”.

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