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Venezuela. Dois mortos e camiões com ajuda humanitária queimados na fronteira

Joédson Alves / EPA

Confrontos em Pacaraima, cidade fronteiriça entre Brasil e Venezuela

Pelo menos duas pessoas morreram, uma delas um adolescente de 14 anos, e 31 ficaram feridas, em distúrbios registados na fronteira entre a Venezuela e o Brasil, informou um grupo de direitos humanos e as autoridades brasileiras.

“Os dois mortos são resultantes da repressão de militares durante distúrbios ocorridos em Santa Elena de Uairén. Ambos morreram por impactos de bala, um deles na cabeça”, declarou à AFP Olnar Ortiz, ativista na região da ONG Fórum Penal, crítica ao governo de Nicolás Maduro.

Já os camiões de ajuda humanitária enviados pelo Brasil retornaram à cidade fronteiriça de Pacaraima, após terem permanecido estacionados na fronteira durante o dia.

Por parte da Colômbia, que faz também fronteira com a Venezuela, o Governo de Bogotá contabilizou pelo menos 285 feridos junto à sua froneira. Dado o clima de tensão, o executivo colombiano determinou também o regresso dos camiões com ajuda humanitária.

“Estes atos que violam os direitos humanos ocorridos em território venezuelano causaram até ao momento 285 feridos – 255 venezuelanos e 30 colombianos – “por efeito de [bombas] de gás lacrimogêneo e uso de armas não convencionais”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros colombiano. “Esta ação pacífica e de caráter humanitário foi interrompida a partir da Venezuela sob o regime usurpador de Maduro com uma repressão violenta e desproporcional”, acusou Holmes Trujillo.

Diante esta situação, o ministro disse que “dispôs-se o retorno dos camiões para proteger a ajuda com exceção dos camiões que tinham medicamentos que foram queimados em território venezuelano”.

O governante referia-se aos dois camiões de ajuda humanitária foram este sábado incendiados numa ponte na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela, quando os militares venezuelanos bloquearam a passagem de uma caravana de quatro camiões e lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes.

O autoproclamado Presidente interino e líder da oposição, Juan Guaidó, que está na cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a Ureña venezuelana, culpou no Twitter o governo de Maduro, a quem acusou de comandar um “regime usurpador”.

No meio dos distúrbios na ponte de Santander, em Ureña, na fronteira com Cúcuta, a deputada da oposição Gaby Arellano disse que “eles queimaram dois dos quatro camiões”. “As pessoas a salvar a carga do camião e a cuidar da ajuda humanitária que [o presidente, Nicolás] Maduro, o ditador, ordenou que queimassem“, disse Gaby aos repórteres. O departamento de migração da Colômbia confirmou a queima dos dois camiões.

Imagens de vídeo que circulam nas redes sociais mostram dezenas de pessoas a pegar em sacos e caixas de remédios dos camiões, no meio de uma grande nuvem de fumo.

Os camiões estavam numa caravana de quatro veículos que tentaram entrar em Ureña, depois dos manifestantes terem rompido uma barreira de obstáculos erguida pela Guarda Nacional Venezuelana. Militares venezuelanos dispersaram com gás lacrimogéneo centenas de manifestantes que também exigiam a entrada de cargas na ponte Simón Bolívar, que liga a cidade de San Antonio (Táchira) a Cúcuta.

O governo de Maduro ordenou na noite de sexta-feira o fecho das quatro pontes que ligam a Venezuela à Colômbia, tendo também ordenado o encerramento da fronteira com o Brasil e o tráfego marítimo e aéreo com Curaçao.

Maduro corta relações com a Colômbia e aceita ajuda da UE

No meio da tensão sentida nas fronteiras da Venezuela, o Nicolás Maduro anunciouque vai cortar as relações diplomáticas com a Colômbia e ordenou que os funcionários diplomáticos colombianos deixem o país em 24 horas.

“A paciência esgotou-se, não posso continuar a suportar que o território da Colômbia se preste a uma agressão contra a Venezuela, por isso decidi romper todas as relações políticas e diplomáticas com o governo fascista da Colômbia”, disse o líder durante um discurso de mais de uma hora perante uma multidão em Caracas.

Maduro chamou ainda o presidente da Colômbia, Iván Duque, de “diabo” e afirmou que nunca um líder colombiano tinha ido tão longe nas suas ações contra um presidente venezuelano. “Você vai arrepender-se de se meter com a Venezuela”, atirou.

Também ontemm Maduro anunciou que aceitará uma oferta da União Europeia para introduzir “legalmente” ajuda humanitária no país. “Aceitamos ajuda humanitária da União Europeia, ajuda legal”, disse.

ZAP // Lusa / DW

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