Esta quinta-feira, PCP, BE e PEV defenderam as suas iniciativas de renacionalização dos CTT. Enquanto o PSD e o CDS criticaram a “opção ideológica” da “esquerda radical”, o PS questionou os custos.
PCP, BE e PEV defenderam nesta quinta-feira as suas iniciativas de renacionalização dos CTT, traçando um quadro negro da atual situação e funcionamento da empresa privatizada em bolsa há cinco anos, ainda com o PSD e o CDS-PP no Governo.
Na Assembleia da República, PSD e CDS-PP criticaram a “opção ideológica” da “esquerda radical”, argumentando que o serviço público postal pode ser prestado também por entidades privadas. Já o PS questionou a forma jurídica e processual e também os custos para o erário público da opção da passagem imediata dos CTT para controlo público.
No debate parlamentar estavam em causa os projetos de lei do PCP, pela recuperação do controlo público daquela empresa, do BE, para a nacionalização, e um projeto de resolução de “Os Verdes” visando a reversão da privatização.
O comunista Bruno dias afirmou que “o que as populações, trabalhadores e empresas reclamam é que não se continue nessa atitude de deixar arder para um dia depois se discutir as cinzas”, lamentando a eventual convergência de PS, PSD e CDS para chumbar o projeto de lei.
O deputado do PCP instou o Governo a “ter coragem política para enfrentar os grupos económicos que estão a destruir o serviço postal” e a proceder ao seu “desmantelamento”.
Já Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, classificou a privatização dos CTT como “uma das decisões mais ruinosas tomadas pelo Governo PSD/CDS“, acusando estes partidos de terem “as mãos manchadas”, antes de lamentar a atitude de “logo se vê” do atual executivo socialista.
“Os autores deste negócio não foram ainda capazes de explicar o motivo de tal decisão [privatização]. A gestão privada está a destruir 500 anos de serviço postal em Portugal. A privatização dos CTT trouxe também o recurso a empresas de trabalho temporário, que esta a penalizar os trabalhadores da empresa”, descreveu o ecologista José Luís Ferreira, criticando ainda a distribuição de dividendos superiores ao lucro.
No ano passado, e face a 2017, o lucro dos CTT recuou 28%, para 19,6 milhões de euros, “influenciado pelas indemnizações pagas por rescisão de contratos de trabalho por mútuo acordo”, divulgou a empresa, da qual saíram mais de 400 trabalhadores no âmbito do programa operacional de transformação, em vigor desde novembro de 2017.
André Pinotes Batista, do PS, esclareceu que “não existe qualquer convergência entre PS e PSD/CDS, que privatizaram a empresa”, concordando que existe “gestão criminosa” nos CTT, e perguntou a PCP e BE pela fórmula e quantias necessárias para executar os respetivos projetos de lei de renacionalização dos CTT.
“Até aceito que PCP, BE e PEV não gostem de privados. O que não posso aceitar é que o PS, que o inscreveu [a privatização dos CTT] no memorando de entendimento com a ‘troika’, venha dizer que há uma gestão criminosa. Quer a empresa seja pública ou privada, adapta-se às leis da oferta e da procura. Também fecharam estações quando era pública. O importante é a qualidade do serviço”, disse o democrata-cristão Hélder Amaral.
O social-democrata Paulo Rios afirmou que “a esquerda radical entende que serviço público tem de ser prestado por entidade pública” ou que só assim “há bom serviço publico”, assumindo ir votar contra as propostas em discussão.
ZAP // Lusa