“É tempo de o KKK voltar a atacar à noite”. É desta forma que começa um editorial escrito pelo diretor do The Democrat-Reporter, jornal do Alabama, e que está a provocar polémica nos Estados Unidos.
No texto publicado a 14 de fevereiro, Goodloe Sutton apela ao regresso do Ku Klux Klan (KKK), um grupo de supremacia branca nos EUA conhecido pelo linchamento em massa de afro-americanos. O regresso desse grupo seria para combater a intenção dos democratas em aumentar os impostos.
“Eles não sabem como eliminar as despesas quando o dinheiro é necessário noutras áreas. A ideologia socialista-comunista soa bem para as pessoas ignorantes, incultos e de mente simples”, escreveu Goodloe Sutton.
O diretor confirmou ao jornal Montgomery Advertiser que foi ele o autor do texto do jornal local de Linden e negou ser um apelo ao linchamento de americanos.
“É de socialistas-comunistas que estamos a falar”, referiu, desvalorizando ainda o caráter violento do KKK. “Eles só mataram algumas pessoas. O Klan não foi violento até precisar de o ser”, acrescentou, segundo o Observador.
Em entrevista ao jornal, o diretor foi mais longe: “Se pudéssemos fazer com que o Klan subisse até lá e limpasse Washington D.C., ficaríamos melhor. Vamos pegar nas cordas do cânhamo, enrolá-los num tronco e enforcá-los a todos”.
No texto, Sutton dá o exemplo dos escravos que “pegavam nas vestes e nos cavalos dos seus senhores e cavalgavam pela noite para assustar algum malfeitor”, acrescentando: “Às vezes tinham de matar um ou outro, mas e daí?”
A Escola de Comunicação de Massa da Universidade do Mississipi do sul dispensou o diretor, tendo sido também retiradas as honras que recebera como jornalista.
Goodloe Sutton foi incluído no “passeio da fama” da Universidade em 2007, depois dos editoriais e artigos anti-corrupção que escreveu nos anos 90 e que o levaram a receber vários prémios internacionais de jornalismo.
Do lado dos democratas, as reações ao texto também começaram a surgir. O senador democrata do Alabama exigiu a demissão do diretor, considerando o editorial “absolutamente repugnante”.
A representante democrata Terri Sewell também criticou as palavras de Sutton e apelou à sua demissão: “Para os milhões de pessoas de cor que têm sido aterrorizadas pela supremacia branca, isto não é uma brincadeira – é uma ameaça. Estes comentários são profundamente ofensivos e inapropriados, especialmente em 2019. O senhor Sutton deve pedir desculpas e demitir-se.”
Entretanto, o conselho de administração da Associação de Imprensa do Alabama emitiu um comunicado onde informa que optou pela censura de Goodloe Sutton, confirmando também a suspensão do jornal da sua lista de membros.