O Instituto de Pesquisa Económica Aplicada do Brasil (IPEA) reconheceu esta sexta-feira ter errado no resultado da sondagem que provocou protestos de mulheres na internet ao apontar que 65,1% dos brasileiros acreditavam que roupas curtas motivam ataques sexuais.
O resultado correto aponta que 26% dos brasileiros concordam, total ou parcialmente que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas” e 70% discordam.
Após a deteção do erro, Rafael Guerreiro Osório, o director da área social do Instituto, pediu para ser exonerado.
O equívoco foi ocasionado pela troca de gráficos do resultado da sondagem, e foi considerado “relevante” pelo Instituto.
Na verdade, os 65,1% dos entrevistados afirmaram foi que “mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar“, o que também gerou reacções indignadas nas redes sociais.
A sondagem com o resultado errado, que foi reproduzida em diversos meios da imprensa brasileira e internacional, motivou um protesto pela internet no qual milhares de mulheres divulgaram fotos seminuas com o “hashtag” #eunaomerecoserestuprada.
A pesquisa foi feita com 3.810 pessoas, entre mulheres e homens, entre maio e junho de 2013.
O IPEA é uma fundação pública, vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência brasileira, responsável por realizar sondagens que forneçam suporte técnico para a formulação de políticas públicas.
Criadora da campanha diz que erro do IPEA não desqualifica mobilização
A correcção emitida esta sexta-feira “desqualifica o IPEA, não o nosso protesto”, defende Nana Queiroz, a criadora da campanha de Facebook “Eu não mereço ser estuprada”.
“26 por cento é uma percentagem muito grande e vamos lutar até chegar a zero”, diz Queiroz à BBC Brasil. “Na verdade não ficamos tristes, ficamos felizes, porque a sociedade está menos atrasada do que pensávamos.”
ZAP/Lusa/BBC