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“Costa meteu na cabeça que a guerra contra os professores lhe vai dar mais votos”

Rodrigo Antunes / Lusa

O líder da Federação Nacional de Professores (Fenprof) alertou, em entrevista ao Público, que o Governo liderado por António Costa pretende adiar “o máximo possível” a recuperação do tempo de serviço dos professores para a próxima legislatura, considerando que esta estratégia poderá refletir-se nas urnas. 

“A verdade é que isto é o que os governantes querem desde o início: tentar adiar o máximo possível a questão da recuperação para verem até onde podem ir no pós-eleições. E se o PS tiver a maioria absoluta, a carreira, tal como ela existe hoje, está liquidada. Se não tiver poderá não estar, mas tentarão sempre fazer algo nesse sentido, que é o de empobrecer ainda mais a classe docente”, disse o líder sindical em entrevista ao diário esta segunda-feira publicada.

Para Mário Nogueira, o PS dos dias de hoje pensa ainda o que pensava o PS de José Sócrates e da então ministra da Educação Maria Lurdes Rodrigues: “que perdendo os professores poderão ganhar a opinião pública“, lamentou.

“O dr. António Costa meteu na cabeça que ao fazer esta guerra, e ao levá-la até ao fim, vai ter mais votos. Eu, por acaso, estou convencido do contrário e também no PS há quem esteja. E não só por se saber que terá sido, em muito, por causa do descontentamento dos professores [com Maria de Lurdes Rodrigues a liderar a pasta da Educação] que perderam a maioria absoluta em 2009”, disse.

Questionado pelo matutino se os professores vão voltar às greves aos exames, Mário Nogueira não descartou esse cenário: “Podemos voltar às greves, mas não necessariamente no final do ano, porque esse já não será um tempo útil. Podemos avançar com greves novas, atípicas, antes desse período”, explicou.

“O veto do Presidente da República ao diploma do Governo que apenas devolvia cerca de três anos devolveu muito ânimo aos professores. O veto e a posição das regiões autónomas de avançarem para a contagem integral do tempo de serviço”, disse.

O líder sindical revelou ainda não ter decidido se voltará a recandidatar-se à liderança da Fenprof. Ainda assim, deixa a garantia que um caminho político está fora da mesa. “Uma coisa é certa, nunca sairei deste trabalho para ser candidato a deputado ou coisa do género. Quando sair daqui, saio para a minha escola”, garantiu.

ZAP // Lusa

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