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Imprensa britânica proibida de revelar empresário-mistério em escândalo #MeToo

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O jornal inglês The Telegraph foi proibido por um tribunal de publicar uma reportagem sobre um alegado assédio sexual e ofensas raciais a funcionários por um grande empresário britânico.

Depois de 8 meses de investigação, o diário recebeu uma ordem do tribunal que proíbe a revelação de detalhes dos acordos de confidencialidade assinados entre o empresário e as alegadas vítimas.

Na prática, o The Telegraph foi proibido de divulgar a identidade do britânico, o nome das suas empresas, as acusações e os pagamentos que terá feito aos funcionários.

Segundo o jornal britânico, publicar as alegações contra o empresário britânico “iria reacender o movimento #MeToo contra os maus-tratos de mulheres, minorias e outros por  empregadores poderosos”.

Porém, quando o jornal pediu declarações ao acusado em julho, o empresário pediu ao tribunal que a publicação dos detalhes das alegações seja impedida – pedido que, segundo o The Week, foi concedido esta terça-feira.

Nas páginas da decisão do juiz, Sir Terence Eherton, o empresário é referido como “ABC” e as alegações são descritas como “condutas para prejudicar a sua reputação“, de acordo com a Visão.

A medida cautelar provisória diz que em cinco casos foram feitos “pagamentos substanciais” a cinco pessoas através de acordos de confidencialidade. Para o juiz estão em causa os “contratos” assinados entre o empresário e as alegadas vítimas.

Apesar de concordar que a revelação da história é importante para o debate público, o magistrado referiu que “existe a real possibilidade de a publicação causar danos imediatos, substanciais e possivelmente irreversíveis a todos os requerentes”.

O britânico contratou uma equipa de pelo menos 7 advogados e gastou cerca de 565 mil euros em custos judiciais. A Schillings, a firma que o representa, já teve como clientes John Terry, Lance Armstrong, Ryan Giggs e Cristiano Ronaldo, que usaram acordos de confidencialidade e ações para silenciar acusações.

Antes de chegar ao Court of Appeal, a segunda mais alta instância judicial no Reino Unido, o jornal obteve uma decisão favorável no High Court, cujo juiz, recorda o The Sun considerou que a divulgação do caso era “claramente capaz de contribuir para o debate de um assunto de interesse público sobre má conduta no local de trabalho”.

O Court of Appeal, porém, não concordou, e o caso irá seguramente chegar agora ao Supremo Tribunal do Reino Unido, que terá a última palavra.

#MeToo

O movimento #MeToo tornou-se uma campanha mundial na comunicação social o ano passado, depois das revelações sobre Harvey Weintein, magnata do cinema americano. Weintein também usou acordos de confidencialidade controversos para silenciar as alegadas vítimas, procedendo ainda ao pagamento de “quantias substanciais”.

Os acordos têm sido usados nos negócios para proteger questões de confidencialidade comercial, mas a preocupação é a possibilidade de abuso destes acordos para encobrir delitos e impedir que as vítimas de possíveis crimes procurem a polícia.

Nos últimos anos, o uso deste tipo de ações tem-se tornado cada vez mais controverso. Em 2016, foi noticiado que, em apenas 5 anos, o número destas medidas levadas a tribunal mais do que duplicou. O sistema tem sido criticado por restringir injustamente a liberdade de imprensa.

ZAP //

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8 Comments

  1. a isto chamamos democracias????? É tudo a mesma M—-. Conclusão o bicho homem quer fazer o que bem entender sem ter ninguém que lhe aponte o dedo. Ora essa se não querem que não o façam… Conclusão as vitimas continuam a ser vitimas em todas as circunstancias. Justiça ???? Onde???

  2. Olha, olha… isto no país que tem a mania que é o exemplo da democracia e da liberdade de imprensa!…
    Espero que bem essa reportagem venha a publico – nem que seja num jornal estrangeiro!!

    • Mais nada, Culpado até prova em contrário.

      Assim devem ser todos os contratos, primeiro extorquir dinheiro em troco de um acordo de confidencialidade, e depois dar com a lingua nos dentes e arrebentar com a imagem do que pagou.

      Já pararam para pensar que uma vitima busca justiça e não dinheiro!!! Quando aceitam acordos de confidencialidade por dinheiro, perderam o direito a ser vitimas e passaram a negociadores, se fizeram um mau negocio, são maus negociadores mas longe de ser vitimas.

      • Ah?!
        Que confusão para aí anda!…
        Mas o The Telegraph assinou algum acordo ou recebeu algum dinheiro?!
        Uma coisa são as partes envolvidas, outra é a liberdade da imprensa e, até será do interesse publico conhecer o nome de tão ilustre empresário!!
        E foi + ou – isso que aconteceu no caso do Ronaldo…

        • E como achas que chegaram até ás vitimas, as mesmas que receberam dinheiro para se calar, provavelmente buscavam mais dinheiro, ou pensas que os jornais não pagam pelos testemunhos destas vitimas? especialmente se os lesados forem personagens publicas conhecidas e até com alguma imagem de valor.

          O problema é que se eu acusar alguém, mesmo que essa pessoa seja inocente, fica com a imagem marcada porque existe sempre os famosos “invejosos” que assumem culpa só porque sim.
          O movimento #MeToo teve uma percentagem de interesse por detrás, hoje é difícil entender quem é realmente culpado ou quem foi injustamente acusado.

          Muitas … e muitos, tiveram sexo debaixo da influencia do álcool e drogas, talvez ate não soubessem o que estava a acontecer mas certamente sabem que isso pode acontecer quando tomas muitas cenas.
          Experimenta sair um pouco pela noite, aqui onde vivo, basta sair por volta das 3 da manhã de uma sexta ou sábado para ver miúdas com os 19 e 20 anos num estado tao perdido, que se atiram aos postes.
          É claramente errado e falta de caracter de alguém se aproveitar de elas nessas situações, mas de certa forma elas são culpadas porque se colocaram numa situação de não poder dizer não, alias naquele momento elas buscam isso.
          Sou pai de 4 miúdas, só espero conseguir ensinar-las a ter força de vontade para que não lhes passe isso.

          No movimento #MeToo existem mulheres que foram violadas (disseram não e algumas bestas não entenderam a palavra) a esses homens, so lhes desejo a castração química (e talvez um pouco mais).
          Existem mulheres e homens que foram ameaçados com perder os seus sustentos. Também aqui a pena deveria de ser elevada.
          Mas existe também quem se deitou com os chefes (de livre vontade) e agora são vitimas.
          No entanto, todo e qualquer homem acusado neste processo viu automaticamente a sua vida desfeita.

          Para o mim o errado nestas acusações é que a sociedade toma partido de um lado e nem é preciso ir a julgamento.
          Para algumas pessoas és culpado ate prova em contrario, quando a lei foi claramente escrita ao contrario, és inocente até prova em contrario

          • Isso são apenas considerações hipotéticas sem nada factual e muito menos sobre esta noticia, portanto…
            Continuo a achar que a imprensa tem todo o direito de publicar o que acha importante para a sociedade, independentemente de as “vitimas” terem chegado a um acordo ou não!…
            De resto, estamos de acordo!

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