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Descobertas falhas estruturais em central nuclear belga

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maol / Flickr

Central nuclear de Tihange 3, na Bélgica

Os cidadãos que vivem perto da central nuclear de Tihange 3, na Bélgica, estão seriamente preocupados com a segurança da central, que sofreu várias paralisações nos últimos anos.

A operadora da central nuclear, Engie-Electrabel, confirmou esta quinta-feira anomalias no reforço de betão armado, presentes desde a construção do edifício Tihange 3, na região de Valônia, na Bélgica.

A Electrabel lançou um programa de inspeção e reparo preventivo para todas as suas unidades. A descoberta destas anomalias surgiu durante a revisão, previamente planeada e ainda a decorrer, do reator – motivo pelo qual a operadora afirma que nenhuma conclusão pode ser tirada antes da conclusão dos trabalhos.

Segundo o jornal Le Soir, os especialistas da empresa detetaram anomalias no betão armado que estavam lá desde a sua construção. Este defeito da central nuclear pode enfraquecer a estrutura da unidade. Os reatores da central de Doel, no entanto, não são afetados pelo mesmo problema graças à sua arquitetura distinta.

A agência de segurança nuclear da Bélgica (AFCN) disse que a operação da central nuclear Tihange 3 não será reiniciada antes que o bunker blindado que abriga serviços de emergência em que foram detetadas as anomalias, seja declarado seguro. De acordo com uma estimativa preliminar, a Tihange 3 pode só estar operacional em setembro.

A central de Tihange está localizada a apenas 60 quilómetros da fronteira com a Alemanha e a Holanda, enquanto que a Doel fica próxima da cidade portuária belga de Antuérpia, junto à fronteira com a Holanda.

A proximidade das centrais com países europeus, nossos vizinhos, alarma a população. Em junho do ano passado, milhares de manifestantes juntaram-se para formar um cordão humano de 90 quilómetros para exigir o encerramento das centrais nucleares belgas de Thiange e Doel.

Em causa estão preocupações relacionadas com segurança. Nesse mês, foram descobertas microfissuras na central nuclear Tihange 2, sendo que uma inspeção feita em 2015 tinha já registado mais de 3.000 imperfeições. Também no reator nuclear 3 de Doel foram encontrados novos elementos danificados.

Apesar de toda a preocupação em volta da segurança das centrais nucleares, as autoridades insistem que ambos são perfeitamente seguros.

Por sua vez, em setembro, a Alemanha começou a tomar iodo com receio de uma fuga radioativa da central nuclear belga. Mais tarde, em março deste ano, os belgas aderiram à iniciativa e começaram também a tomar pastilhas de iodo.

As farmácias belgas começaram a fornecer gratuitamente comprimidos de iodo às pessoas que as solicitem, como parte de um plano de segurança nuclear, iniciado pelo Governo, que amplia a distribuição deste mineral a todo o território do país como prevenção em caso de acidente nuclear.

E se um acidente nuclear vier mesmo a acontecer, os comprimidos de iodo poderão ser a salvação dos países que circundam este vulcão nuclear que é a Bélgica. Esperemos que as consequências desse possível incidente não cheguem a Portugal, ainda que seja um vizinho afastado.

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