70 novas micro fissuras descobertas em central nuclear belga

Milhares de manifestantes juntaram-se para formar um cordão humano de 90 quilómetros para exigir o encerramento das centrais nucleares belgas de Thiange e Doel.

50 mil pessoas marcaram presença no domingo no triângulo que marca a fronteira entre a Alemanha, a Bélgica e a Holanda. Com um comprimento de 90 quilómetros, o cordão humano estendeu-se desde a localidade de Thiange – situada no município belga de Huy – até à cidade alemã Aachen, passando por Masstricht, na Holanda.

Os manifestantes expressaram a sua preocupação com a segurança dos recipientes de pressão do reator nuclear 2 de Thiange e o 3 de Doel, localizado perto de Antuérpia.

Rodrique Dumas, manifestante e membro do conselho municipal de Huy para o Partido Verde, citado pela RT, disse que “a primeira exigência” dos manifestantes era “deter a Thiange 2, porque tem muitas, muitas fissuras e não é segura“.

Os dois reatores em questão foram inaugurados em 1982 e 1983 e, inicialmente, a sua vida útil devia ser mais curta: “Temos estado a prolongar a sua vida e isso não é comum. Só há nove centrais no mundo inteiro que duraram tanto tempo”.

Este mês de junho, Jan Jambon, ministro do interior belga, confirmou que foram descobertas 70 novas micro fissuras na Thiange 2, desde a inspeção feita em 2015 – que, já na altura, registou mais de 3 mil imperfeições.

No reator nuclear 3 de Doel, também foram encontrados novos elementos danificados. No entanto, as autoridades insistem que ambos são perfeitamente seguros.

Central nuclear 3 de Doel

Central nuclear 3 de Doel

No ano passado, a Alemanha – que decidiu desfazer-se dos seus reatores nucleares até 2022, depois do desastre de Fukushima – pediu à Bélgica que encerrasse o Thiange 2 e o Doel 3 “até que sejam clarificadas as atuais condições de segurança”.

O ano passado, as autoridades de saúde do estado da Renânia-Vestfalia, no oeste da Alemanha, terão decidido criar reservas de medicamentos à base de iodo contra os efeitos da radiação nuclear, como preparação para um possível acidente nuclear nas centrais belgas de Tihange 2 e Doel 3.

Estas centrais não se encontram muito longe da fronteira com a Alemanha. Tihange 2 está a apenas 60 quilómetros de Aachen, cidade renana com cerca de 240 mil habitantes.

O iodeto de potássio administrado preventivamente protege a tiróide da forma radioactiva de iodo libertada por acidentes nucleares. Os lotes de iodo já adquiridos destinam-se a mulheres grávidas ou lactantes, crianças até 14 anos ou adultos maiores de 45 anos que residam na Renânia-Vestfalia.

Estes grupos populacionais deverão tomar o medicamento como medida preventiva, antes de um hipotético acidente nuclear. Se o impensável acontecer mesmo, o procedimento será estendido a toda a população, em todo o território alemão.

ZAP //

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