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Descoberto novo campo hidrotermal nos Açores

Derek Keats / Flickr

A expedição científica Oceano Azul descobriu um campo hidrotermal a 60 milhas da ilha do Faial. Dos oito campos conhecidos no arquipélago, este é o que fica a menos profundidade.

Uma expedição científica no mar dos Açores descobriu um novo campo hidrotermal, o primeiro através de meios exclusivamente portugueses. Dos oito campos conhecidos no arquipélago, este é o que fica a menos profundidade. “Estamos muito orgulhosos”, disse à Lusa Emanuel Gonçalves, líder da expedição e administrador da Fundação Oceano Azul.

Os investigadores já tinham indícios, mas a descoberta não deixou de ser “uma felicidade”. “Havia indícios de que podia haver este tipo de atividade e termos selecionado esta região não foi por acaso. Mas não havia evidências, apenas indícios”, disse o responsável.

A expedição científica Oceano Azul começou no dia 3 de junho e termina já no próximo sábado. Esta expedição tem como objetivo explorar zonas ainda pouco conhecidas do mar dos Açores para promover a conservação marinha, no âmbito do programa “Blue Azores”.

E foi dentro dessa expedição que foi feita a descoberta, a 570 metros de profundidade, no monte submarino Gigante, a 60 milhas da ilha do Faial.

Questionado pela Lusa sobre a importância do campo hidrotermal, Emanuel Gonçalves explicou que o facto de ser pouco profundo e próximo do Faial permite investigações futuras de forma muito mais fácil.

Os campos hidrotermais acessíveis são raros, salientou o responsável, explicando que são uma fonte “muito importante de informação” e podem por exemplo ajudar “a entender melhor questões como a origem da vida”.

Os campos hidrotermais – água quente vinda do interior da terra, rica em minerais – são zonas de grande riqueza biológica e mineral. São “verdadeiros oásis escondidos no oceano profundo, que normalmente são encontrados a quilómetros de profundidade e a centenas de milhas das zonas costeiras”.

O líder da expedição destacou ser a primeira vez que há uma descoberta deste género feita por uma expedição de cientistas portugueses e com meios navais também portugueses. “É a primeira vez que uma descoberta assim resulta de uma conjugação de esforços de entidades nacionais”, disse à Lusa.

A expedição é organizada pela Fundação Oceano Azul em parceria com a Waitt Foundation (proteção dos oceanos) e a National Geographic Pristine Seas (projeto para salvaguardar zonas intactas dos oceanos), e em colaboração com a Marinha Portuguesa através do Instituto Hidrográfico, o Governo Regional dos Açores e a Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental.

Além de cientistas nacionais de diversos centros de investigação e universidades, participam na expedição especialistas de universidades e instituições dos Estados Unidos, Austrália e Espanha.

Telmo Morato, coordenador da equipa da expedição Oceano Azul dedicada aos ecossistemas de profundidade, explicou, citado no comunicado, que “os campos hidrotermais são zonas onde emergem fluidos quentes frequentemente relacionados com vulcanismo, ricos em minerais que criam as condições para o desenvolvimento de um ecossistema único que não depende da luz do sol“.

O campo agora descoberto é composto por múltiplas chaminés de diferentes alturas e os fluidos hidrotermais são transparentes, ligeiramente mais quentes que o exterior e ricos em dióxido de carbono.

Atualmente, são conhecidos oito campos hidrotermais profundos no mar Português ao largo dos Açores: “Lucky Strike” (o primeiro a ser descoberto, em 1992), “Menez Gwen”, “Rainbow”, “Saldanha”, “Ewan”, “Bubbylon”, “Seapress” e “Moytirra”, lembra o comunicado.

// Lusa

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