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22 crianças já morreram por falta de medicamentos na Venezuela

Dez crianças do Estado venezuelano de Carabobo estão em perigo de vida, por falta de tratamento para o cancro, numa localidade onde já morreram outras 22 desde janeiro, denunciou a Fundação de Ajuda ao Menino com Cancro (Fundanica).

Esta “situação é dramática. Não há medicamentos, não há quimioterapia e não há antibióticos. Os nossos meninos estão a morrer. Este ano temos 22 crianças mortas e mais 10 com a vida em perigo”, disse a presidente da Fundação de Ajuda ao Menino com Cancro (Fundanica).

Virgínia Segóvia de Bolívar explicou que em 2017, das 120 crianças que Fundanica atendeu, 58 morreram devido “à escassez” de medicamentos.

“Fazemos um apelo ao Governo nacional para que atenda as necessidades dos meninos. Não podem ficar calados perante tanto drama e tanta morte”, disse aos jornalistas.

Segundo Virgínia Segóvia de Bolívar, a Fundanica está disponível para colaborar com o Governo venezuelano na abertura de um canal humanitário que, no seu entender, permitirá atender os casos existentes e evitar mais mortes de crianças.

Na Venezuela são cada vez mais frequentes as queixas da população sobre dificuldades em conseguir alguns medicamentos básicos no mercado local, entre eles remédios para a diabetes, hipertensão, sida, o cancro e outras doenças crónicas.

Ocasionalmente, alguns medicamentos deste tipo chegam às farmácias a preços inacessíveis para os venezuelanos, tendo em conta os baixos salários locais.

A falta de medicamentos na Venezuela é já um problema antigo. Em 2015, a oposição venezuelana denunciava que mais de 63% dos medicamentos escasseavam no país, acusando o Governo de usar um “controlo comunista” ao impor um sistema biométrico para limitar as compras nas farmácias.

No início do ano, 18 crianças morreram em apenas dois meses por desnutrição na cidade de Maturín, a sudeste de Caracas. Entre as vítimas, estavam lactantes e crianças com menos de quatro anos de idade.

De acordo com um Estudo sobre Condições de Vida, realizado pelas principais universidades do país e divulgado na passada quarta-feira, mais de metade dos venezuelanos vivem em pobreza extrema e afirmam que perderam mais de 10 quilos de peso em 2017.

ZAP // Lusa

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