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Depois da tensão com Itália, França está disponível para acolher migrantes do Aquarius

Christophe Petit Tesson / EPA

O Presidente francês, Emmanuel Macron

França está disponível para acolher migrantes do navio Aquarius que se enquadrem “nos critérios do direito de asilo”, anunciou, esta quinta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Em comunicado, o Governo francês referiu que a proposta foi “acolhida favoravelmente por Espanha”, país onde o navio deverá atracar no sábado com 629 migrantes a bordo.

O Aquarius, da organização não-governamental francesa SOS Mediterranée, foi proibido de atracar no domingo passado em Itália e, depois, em Malta, situação que só foi desbloqueada no dia seguinte com a oferta do novo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, de o acolher no porto de Valência.

O navio partiu na terça-feira para Espanha, escoltado por duas embarcações da Marinha italiana, com as quais repartiu os migrantes que se encontravam a bordo, 123 dos quais são menores não acompanhados e sete grávidas.

Na quarta-feira, o novo ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, desafiou o Presidente francês, Emmanuele Macron, a provar a “generosidade” no acolhimento aos migrantes, considerando que França não respeitou os compromissos nesta matéria.

Ao intervir no Senado, o ainda presidente da Liga disse que França se comprometeu a acolher “9.816 migrantes” chegados nos últimos anos a Itália, mas que não acolheu mais de 640. Convidou mesmo o chefe de Estado francês a “passar da palavra aos atos” e a dar “um sinal de generosidade”, acolhendo estes imigrantes.

Macron e o novo chefe do Governo italiano, Giuseppe Conte, têm encontro marcado para esta sexta-feira mas a tensão provocada pelo caso Aquarius parecia ter posto em causa essa reunião. Porém, segundo o Público, bastou um telefonema para resolver a questão.

Vários membros do Governo de Conte, sobretudo os líderes dos partidos vencedores sas eleições de Março, Matteo Salvini e Luigi Di Maio, exigiram um pedido de desculpas a Macron para que o encontro não fosse anulado.

Em vez disso, o Presidente francês telefonou a Conte e assegurou não ter feito “nenhuma declaração com o objetivo de ofender a Itália e o povo italiano”, sem retirar uma palavra ao que dissera sobre o seu Governo, avança o jornal.

A duas semanas do Conselho Europeu onde os líderes vão tentar chegar a acordo para um conjunto de regras comuns sobre fronteiras e direito de asilo, Macron e Conte pretendem “aprofundar a sua cooperação bilateral e europeia para desenvolver uma política de imigração eficaz com os países de origem e de trânsito, pondo em prática uma melhor gestão comum das fronteiras e um mecanismo europeu de solidariedade no acolhimento de refugiados”, cita ainda o diário.

ZAP // Lusa

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