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Campeã do mundo de xadrez perde dois títulos por recusar usar hijab

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Anna Muzychuk, que detém dois títulos de campeã mundial, não vai ao campeonato mundial de xadrez que começou esta terça-feira na Arábia Saudita. A ucraniana recusa-se a vestir a abaya.

A ucraniana Anna Muzychuk, de 27 anos, Campeã Mundial de Xadrez em título, anunciou no passado sábado que não vai participar no campeonato mundial que se disputa este ano na Arábia Saudita, de 26 a 30 de dezembro.

O motivo é a abaya, a túnica tradicional que as sauditas são obrigadas a vestir quando se apresentam em público. A jovem campeã mundial recusa-se a vestir a veste feminina saudita. Num post, partilhado no seu Facebook pessoal, a campeã explicou publicamente o motivo da decisão.

“Em poucos dias vou perder dois títulos mundiais, um a um. Apenas porque decidi não ir à Arábia Saudita. Por não jogar com as regras de outros, por não usar abaya, por não ter de ir acompanhada à rua, e finalmente por não me sentir uma criatura secundária”, lê-se na publicação.

In a few days I am going to lose two World Champion titles – one by one. Just because I decided not to go to Saudi…

Publicado por Anna Muzychuk em Sábado, 23 de Dezembro de 2017

Na imagem, Anna surge com duas medalhas recebidas no ano passado. “Há um ano ganhei estes dois títulos e era a pessoa mais feliz no mundo do xadrez, mas agora sinto-me muito mal. Estou preparada para lutar pelos meus princípios e faltar a este evento, onde, em cinco dias, esperava ganhar mais do que numa dezena de competições”, escreve.

Anna pretende marcar uma posição, demonstrando as diferenças existentes nos países no que diz respeito às mulheres. “Tudo isto é irritante, mas o mais perturbador é quase ninguém se importar realmente. Este é um sentimento amargo, mas ainda não é o que vai mudar a minha opinião e os meus princípios”, refere a campeã.

A irmã de Anna, Mariya Muzychuk, seguiu-lhe os passos: tanto no desporto como também nas convicções. Ambas recusaram estar presentes no campeonato mundial de xadrez deste mês. “Estou muito feliz por partilharmos este ponto de vista. E sim, para aqueles poucos que se importam – vamos voltar!”, promete.

Em março, Anna Muzychuk participou no Campeonato Mundial Feminino que decorreu no Irão, apresentando-se de cabeça tapada. Oito meses depois, no seu Facebook, a xadrezista mostrou o seu desagrado pela localização do campeonato, novamente num país com restrição de liberdade para as mulheres.

“Tudo tem limites e os lenços da cabeça no Irão foram mais do que suficientes”, argumenta a campeã mundial de xadrez.

ZAP // Lusa

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10 Comments

  1. Muito simples, todos os eventos à escala global têm que ser feitos em países civilizados e não nesses buracos do inferno.
    Parabéns à Anna Muzychuk, não há ouro no mundo que valha abdicarmos dos nossos valores mais básicos.

  2. Absolutamente de acordo. Eles não querem abdicar dos seus modos/princípios, estejam onde estiverem, estão algures na idade média, para não dizer na idade da pedra. Como tal, não podem exigir aos outros que mudem o seu modo no país deles.

  3. Não se entende porque a Federação Mundial para o Xadrez continua a aceitar as candidaturas de países islâmicos com estas obrigatoriedades. Parece-me que o petróleo fala mais alto.
    Os países ocidentais, se tivessem um pingo de vergonha, deveriam boicotar os campeonatos nos países da burca. Estas cedências são batalhas perdidas.

  4. Uma salva de palmas!!!! O pessoal vem para “o Mundo” e nós temos que aceitar que usem as suas vestes, nós vamos até lá e temos que usar as deles? Mas que raio de igualdade é esta? Onde fica o respeito por nós?
    É muito importante saber dizer não, saber ser e saber estar, sempre e em qualquer lugar, e, sobretudo respeitar e dar-se ao respeito. Grande Mulher!!!

  5. Grande mulher! Estranho é a cobardia dos países ditos civilizados autorizarem ou nomearem países destes para eventos internacionais, se não aceitam as regras dos outros que vivam com as suas ninguém os impedirá certamente mas não imponham aos outros aquilo que eles não toleram.

  6. Acho muito bem. Haviam todos de fazer o mesmo. Infelizmente não há muitas pessoas a defender os direitos das mulheres nesses países horriveis. Pelo contrário, feministas em países estrangeiros como os EUA são hipocritas ao ponto de defenderem países com leis horriveis e ainda fazem propaganda com hijab como se fosse um simbolo de liberdade. É um simbolo de opressão.

  7. o mundo civilizado deveria fazer uma campanha para dar medalhas de ouro as irmãs pela coragem e estimulo à outras para a luta.

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