A justiça argentina ordenou hoje o levantamento da imunidade e a detenção da ex-presidente da Argentina e senadora Cristina Kirchner por alegada obstrução à investigação de um atentado contra uma associação mutualista israelita na década de 1990.
A informação foi confirmada à agência noticiosa francesa France Presse (AFP) por uma fonte judicial: a antiga presidente Cristina Kirchner é acusada de “traição”.
A justiça argentina ordenou também a detenção do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Hector Timermann e de vários outros altos funcionários argentinos.
Segundo o jornal argentino o La Nacion, o juiz Claudio Bonadio solicitou o impedimento das funções legislativas e a prisão preventiva de Cristina Kirchner, alegando que a ex-presidente poderia dificultar o processo devido aos contactos que mantém.
Cristina Kirchner, presidente da Argentina entre 2007 e 2015, é acusada de “traição” por ter alegadamente assinado um pacto com o Irão para encobrir altos funcionários iranianos, suspeitos de terem ordenado um atentado contra a sede da Amia, a Associação Mutualista Israelita Argentina, em 1994.
O ataque contra a associação mutualista, que a comunidade judaica atribui ao Irão e ao movimento xiita libanês Hezbollah, fez 85 mortos e centenas de feridos, e foi o segundo ataque contra judeus na Argentina, depois de 29 pessoas terem morrido em 1992 quando uma bomba explodiu em frente à embaixada de Israel em Buenos Aires.
A açcão judicial contra Kirchner é baseada na denúncia do procurador Alberto Nisman, em janeiro de 2015, na qual altos funcionários do estado argentino, entre os quais a própria presidente argentina, são acusados de ter negociado secretamente um acordo com o Irão para ilibar os presumíveis autores do atentado contra a sede da Amia.
Poucos dias depois de ter apresentado a denúncia, o procurador foi encontrado morto no seu apartamento, e até hoje as circunstâncias de sua morte são desconhecidas. Segundo afirma um grupo de peritos independentes contratados pela família de Alberto Nisman, o procurador argentino terá sido assassinado.
O caso dividiu a sociedade argentina e influenciou os resultados eleitorais deste ano, que deram a vitória ao actual presidente, Mauricio Macri.
ZAP // Lusa