O presidente da Autoridade Nacional da Proteção Civil, Joaquim Leitão, demitiu-se esta quarta-feira, informou hoje à Lusa fonte do Governo.
A mesma fonte adiantou que Joaquim Leitão entregou na quarta-feira uma carta de demissão dirigida ao secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, que por sua vez a remeteu para o primeiro-ministro, atendendo à saída do executivo, no mesmo dia da ministra da tutela.
No cargo há cerca de um ano, Joaquim Leitão foi nos últimos meses muito contestado devido a falhas atribuídas à ANPC no combate aos incêndios.
A demissão foi aceite pelo primeiro-ministro, António Costa, disse à Luas a fonte do Governo, e segue-se à demissão da até ontem Ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, que se demitiu também esta quarta-feira, e do comandante nacional operacional da ANPC, Rui Esteves, que se demitiu em setembro.
Joaquim Leitão foi nomeado para a ANPC em outubro de 2016, substituindo o então presidente Francisco Grave Pereira, que se demitiu por falta de confiança na ex-ministra da Administração Interna.
Talvez não estivesse vocacionado
O presidente da Liga de Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, considera que a demissão de presidente da Proteção Civil “era esperada” e revela “dignidade”.
“A situação do senhor presidente da Autoridade já era uma demissão esperada porque a sua posição estava fragilizada desde os problemas de Pedrógão Grande. Estaria já pouco mais do que em gestão corrente e a Autoridade já não assumia muito daquilo que importava preparar em termos de futuro”, disse Marta Soares à Lusa.
“Por isso, esta é uma atitude de dignidade, que define o caráter do senhor coronel Joaquim Leitão”, acrescentou o presidente da LBP.
“O coronel Joaquim Leitão era uma excelente pessoa, talvez não estivesse vocacionado para o exercício de um cargo tão complexo e tão difícil e, porventura, não teve a independência que seria desejável para o exercício. Deixo saudação de respeito, mas compreendo e penso que não tinha outra solução e essa foi a melhor solução”, vincou.
Marta Soares defendeu que o atual modelo de Proteção Civil “claudicou e faliu”, e apelou a uma “alteração profunda” nas políticas futuras.
ZAP // Lusa