O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras está a investigar uma nova rota de tráfico de crianças que usa Portugal como porta de entrada para o espaço Schengen, com França ou Alemanha como destino final.
A Unidade Anti-Tráfico de Pessoas da Direção Central de Investigação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) está a investigar a possibilidade de Lisboa ser usada como placa giratória para uma rede transnacional de tráfico de crianças da África subsariana, depois de cinco crianças já terem sido detetadas no aeroporto.
Quem avança a notícia é o Diário de Notícias, que dá conta que as cinco crianças detetadas no aeroporto de Lisboa desde março viajavam com documentos ilegais e sempre acompanhadas por adultos com documentos verdadeiros.
O destino final destas crianças provenientes de países africanos a sul do Saara, de expressão francófona e anglófona, serão países do centro europeu, como França ou Alemanha, de acordo com fonte oficial da Unidade Anti-Tráfico de Pessoas.
“Portugal está a ser usado como uma nova rota para as redes criminosas da África subsariana que lidam com o tráfico de seres humanos. O nosso país assume-se cada vez mais como uma porta de entrada para o espaço Schengen“, frisou a fonte.
As cinco crianças detetadas desde março foram institucionalizadas e os adultos que as acompanhavam detidos. Apenas num desses casos foi possível determinar a origem familiar, pelo que as restantes quatro crianças continuam institucionalizadas, até completarem os 18 anos.
Fonte responsável do SEF adiantou que o último caso aconteceu no sábado, com a detenção de um indivíduo que viajava com documentos verdadeiros e residia legalmente num país da Europa, mas fazia-se acompanhar por uma menor de 10 aos, vinda do Senegal, e que levava documentos falsificados.
“Os documentos da criança eram falsificados. Foi o que chamou a atenção do nosso pessoal no aeroporto. Caso contrário teríamos perdido o rasto a esta criança”, explicou. “O facto de as antigas rotas já estarem identificadas está a levar as redes criminosas a abrir novas rodas, onde se inclui Lisboa”.
Fonte do SEF salienta ainda acreditar que o número de menores a entrar na Europa através de Portugal foi maior – do que os cinco detetados -, mas não tem forma de o provar. As crianças podem estar a ser usadas para exploração sexual, laboral, ou servidão doméstica, embora o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras ainda não tenha conseguido apurar com exatidão o fim das crianças.