Os pais dos seis jovens que morreram na praia do Meco vão apresentar “queixa-crime contra o sobrevivente, João Gouveia, algumas entidades e incertos”, disse hoje à Lusa a mãe de uma das vítimas, sem especificar a que entidades se referia.
“Vamos apresentar uma queixa-crime porque já é muito tempo de espera. E o requerimento que apresentámos, para nos constituirmos como assistentes do processo, ainda não foi deferido”, disse Fernanda Cristóvão, mãe de Ana Catarina Soares, uma das seis vítimas da tragédia de 15 de dezembro na praia do Meco, concelho de Sesimbra.
Inconformados com o silêncio de João Gouveia, que nunca acedeu a dar-lhes qualquer explicação sobre as circunstâncias em que morreram os seis jovens, os familiares decidiram hoje avançar com a queixa-crime, mas remetem mais explicações para o advogado que os representa, Vítor Parente Ribeiro.
Os familiares dos seis jovens que morreram na praia do Meco (Sesimbra) em dezembro do ano passado apelaram para que o único sobrevivente esclarecesse as famílias das vítimas sobre as circunstâncias em que ocorreu a tragédia.
João Gouveia manteve até agora o silêncio. Depois de uma primeira alegação de amnésia selectiva, o sobrevivente terá estado reunido com o filho do administrador da Lusíada, Manuel José Damásio, e com um adjunto da Direcção.
Ao que a RTP apurou, a Universidade Lusófona é uma das entidades conta quem é apresentada a queixa-crime.
Segundo a TVI, a decisão terá sido tomada numa reunião com os advogados das vítimas que se seguiu à missa organizada pela Universidade Lusófona.
Nesta noite de quinta-feira, durante mais de duas horas, a Polícia Judiciária tentou perceber as circunstâncias em que morreram os seis jovens, dois rapazes e quatro raparigas, todos alunos da Universidade Lusófona de Lisboa.
Segundo João Gouveia, o grupo de sete jovens, que estava a passar o fim de semana numa casa alugada na localidade de Aiana de Cima, no âmbito das atividades da comissão de praxes da Lusófona, terá sido arrastado por uma onda quando se encontrava na praia do Meco.
Lusófona admite avançar com queixa por calúnia
O administrador da Universidade Lusófona já admitiu que poderá avançar com uma queixa por calúnia, caso a anunciada queixa-crime dos familiares dos estudantes seja “caluniosa ou ofensiva” para a instituição.
“Qualquer cidadão tem o direito a fazer uma queixa, desde que fundamente a ação e cumpra a lei. Mas, caso haja algo de calunioso ou ofensivo dos direitos e bom nome, nós também teremos o direito de ir a tribunal fazer queixa de quem nos caluniar”, disse à agência Lusa o administrador da instituição, Manuel Damásio.
O representante da Universidade Lusófona lembrou que ainda não existe nenhuma ação concreta, mas apenas uma declaração de intenções do advogado que representa os familiares dos seis estudantes que morreram na madrugada de 15 de dezembro na Praia do Meco.
ZAP/Lusa