Quando a norte-coreana Ri Chun-hee fala, capta a atenção do mundo inteiro

Franck Robichon / EPA

Ri Chun-hee, pivô norte-coreana, a anunciar que foi testada com sucesso a bomba de hidrogénio

A pivô transmite as notícias mais importantes da Coreia do Norte mas ultimamente, quando fala, capta a atenção de milhões de pessoas. Quem é Ri Chun-hee, a norte-coreana escolhida para anunciar os avanços nucleares de um dos países mais isolados do mundo?

Ri Chun-hee, atualmente com 74 anos de idade, é a voz e a cara da Coreia do Norte. A pivô veterana que, com a Montanha Baekdu como pano de fundo, tem transmitido as notícias preocupantes sobre os avanços nucleares da Coreia do Norte.

A última aconteceu no passado dia 3 de setembro, quando anunciou que o país tinha testado, com “sucesso absoluto”, uma bomba de hidrogénio desenvolvida para ser instalada num míssil balístico intercontinental.

Vestida com o tradicional traje cor-de-rosa e preto, a norte-coreana transmitiu que este foi o maior teste nuclear de sempre e que o engenho era muito mais poderoso do que a bomba atómica.

O Ministério da Defesa sul-coreano estimou que teve uma potência de 50 mil toneladas. A confirmar-se esta quantidade de energia significa que o teste foi cinco vezes mais forte do que o último ensaio, em setembro do ano passado, e três vezes superior ao da bomba que destruiu Hiroshima, no Japão, em 1945.

Quem é a senhora Chun-hee?

Nascida no seio de uma família pobre da província de Gangwon, durante a ocupação japonesa, a sua carreira é algo único no que toca à longevidade profissional.

Inicialmente, Ri Chun-hee estudou artes na Universidade de Teatro e Cinema de Pyongyang e depois foi selecionada pelo partido para ser a porta-voz da entidade, devido à sua pobreza e, consequentemente, pela sua impecável fidelidade.

A sua primeira aparição na KCTV, o único canal estatal que existe na Coreia do Norte, aconteceu em 1971 e, três anos depois, tornou-se a principal apresentadora das notícias mais importantes daquele que é um dos países mais isolados do mundo.

Segundo o Observador, que cita uma das entrevistas que deu ao canal chinês CCTV, a veterana ensinou muitas das apresentadoras que hoje trabalham para o mesmo canal.

Ri Chun-hee reformou-se temporariamente em 2012 mas apareceu novamente, quatro anos depois, para anunciar um lançamento de mísseis e continua no cargo para falar dos desenvolvimentos mais importantes do atual Governo.

De acordo com o especialista Victor Cha, diretor do centro de estudos asiáticos da Georgetown University, o seu regresso pretendeu “recapturar a grandeza” dos tempos áureos do regime. “Não foi por acaso que a trouxeram de volta”, cita o jornal online.

Sendo muito admirada pela dinastia Kim, o seu estilo único a apresentar as notícias é uma mistura de grandiosidade e melodrama.

Por exemplo, quando anunciou a morte de Kim Il-sung, conhecido como o “pai da nação”, em 1994, a apresentadora encheu-se de lágrimas. Anos depois, foi igualmente vista a chorar quando, em 2011, teve de informar sobre o falecimento de Kim Jong-il, pai do atual líder, Kim Jong-un.