A professora disse às alunas que poderiam faltar aos exames que não precisavam para ingressar no Ensino Superior, mas as estudantes acabaram por chumbar devido às faltas.
Quatro estudantes da Escola Secundária de Ponte de Lima ficaram retidas no ensino secundário depois de seguirem a orientação da diretora de turma, que lhes terá garantido que poderiam faltar ao exame de Geometria Descritiva sem prejuízo na avaliação.
A situação, contestada pelos pais, está agora nas mãos do Ministério da Educação e da Inspeção-Geral da Educação.
A polémica começou no ano letivo de 2023/2024, quando uma das alunas, no 11.º ano, questionou a professora, via Microsoft Teams, se poderia faltar ao exame, por não precisar da prova para ingressar no ensino superior.
A resposta da docente foi clara: se tivesse positiva e não necessitasse do exame para a candidatura, manteria a classificação. Convencidas de que o procedimento estava correto, quatro alunas faltaram ao exame de Geometria Descritiva e outras quatro ao de História da Cultura e das Artes.
A surpresa surgiu já no 12.º ano, no início de 2025, quando foram informadas de que estavam reprovadas por não terem comparecido às provas.
Segundo as regras do novo modelo de exames, em vigor desde 2023, a conclusão do secundário exige três exames nacionais — um de Português e dois da componente específica —, o que invalidou a prática, durante a pandemia, de realizar apenas exames necessários para acesso ao ensino superior.
Os encarregados de educação alegam que a escola omitiu ao Júri Nacional de Exames (JNE) a troca de mensagens que comprovaria a informação errada. A instituição, dizem, apresentou apenas uma versão parcial dos factos, levando o JNE a manter a reprovação, decisão comunicada em julho de 2025.
O JNE admitiu posteriormente não ter tido acesso às mensagens e não ter sido informado da sua existência.
A direção da escola e a docente defendem que toda a informação foi disponibilizada em contexto de sala de aula e online, através da plataforma Microsoft Teams e da página do agrupamento.
No entanto, as famílias afirmam que a informação digital é de difícil interpretação para muitos pais e que confiaram, legitimamente, nas indicações da professora, refere o Público.
Das oito alunas envolvidas, quatro conseguiram realizar o exame em falta no 12.º ano, enquanto as restantes não obtiveram aprovação nem na 1.ª nem na 2.ª fase, ficando com a disciplina por concluir. Agora, as opções passam por repetir o exame no próximo ano ou recorrer a um Centro de Qualificação e Ensino Profissional, arriscando a média de acesso ao ensino superior.
As famílias apresentaram queixa formal ao Ministério da Educação contra a escola e a docente, por “negligência funcional, má conduta profissional e omissão de informação”.