A eurodeputada do PS Ana Gomes disse esta terça-feira estar “obviamente disponível” para ir ao parlamento português explicar por que motivo o embaixador José Júlio Pereira Gomes não deve ser secretário-geral das secretas portuguesas.
“Obviamente que estou disponível para comparecer diante da Assembleia se for chamada. E acho que pode ser útil chamar mais gente além do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Jaime Gama, como membros da missão de observadores portugueses que lá ficaram até ao fim, incluindo diplomatas”, disse Ana Gomes à Lusa, a partir de Bruxelas.
A sugestão de audição de Ana Gomes e Jaime Gama para esclarecer o caso foi feita pelo ex-líder do PSD Luís Marques Mendes, no seu habitual comentário dominical no Jornal da Noite da SIC.
A polémica com a nomeação de Pereira Gomes começou na semana passada no DN, quando a ex-embaixadora de Portugal em Jacarta afirmou ter ficado “muito surpreendida e apreensiva” com a escolha, por este ter abandonado Timor-Leste em 1999, onde era chefe de missão portuguesa de observação.
Na sequência das afirmações de Ana Gomes, o primeiro-ministro António Costa, que era na altura ministro dos Assuntos Parlamentares, afirmou “não conhecer” a polémica em Timor com o novo chefe das secretas, e manteve a confiança em Pereira Gomes para o cargo.
O caso Timor
Em 1999, aquando do referendo à independência de Timor Leste, Pereira Gomes era o chefe da missão de observadores portugueses no país que estava ocupado pela Indonésia.
Há várias vozes que o acusam pela saída intempestiva de Portugal do país, a 9 de Setembro daquele ano, alegadamente contrariando a decisão do governo, e de ter deixado para trás os timorenses que estavam a trabalhar com a missão nacional.
Pereira Gomes garante que o Governo português deu ordem de retirada à missão nacional, quando a violência se alastrou por Timor, negando ter deixado para trás os timorenses.
Mas a eurodeputada do PS Ana Gomes e o jornalista do Público Luciano Alvarez, que integravam a comitiva portuguesa em Timor-Leste, acusam-no de mentir.
“José Júlio Pereira Gomes mente quando diz que a saída dos observadores aconteceu por ‘ordem expressa’ do Governo; e mente quando afirma: ‘Todos os timorenses – e seus familiares – que tinham trabalhado com a nossa missão de observação e connosco se tinham refugiado nas instalações da UNAMET foram evacuados retirados connosco e em virtude da nossa intervenção’”, refere Luciano Alvarez num artigo no Público.
ZAP // Lusa