Os estudantes que frequentam escolas que inflacionem as notas internas poderão ter essas classificações “automaticamente ajustadas” no acesso ao Ensino Superior, de acordo com um relatório pedido pelo Governo.
A medida consta no relatório citado esta sexta-feira pelo Jornal de Notícias que foi realizado por um grupo de trabalho que avaliou o regime de acesso ao Ensino Superior, coordenado pelo ex-reitor da Universidade do Algarve, João Guerreiro.
“A proposta defende a introdução de limites máximos para os desvios das classificações internas usadas no concurso de acesso” ao Ensino Superior, escreve o jornal.
De acordo com o JN, as notas internas de escolas que ultrapassarem esses limites, durante vários anos, podem ser submetidas a ajustes automáticos, apenas para efeitos de acesso ao Ensino Superior ou através da adoção de ponderações que corrigem as notas das escolas ou por ajuste direto da nota interna no cálculo da nota de candidatura.
O grupo de trabalho defende que “em ambos os casos, o efeito do ajuste neutralizaria a inflação das notas”.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, disse ao JN que a medida “poderá ser aprovada se reunir consenso”.
“O meu compromisso é não fazer nenhuma alteração ao regime sem ser consensualizada“, disse o ministro ao jornal.
Manuel Heitor disse ainda que esta “é uma questão a discutir” e sublinhou que o principal objetivo da revisão “é alargar a base social do Ensino Superior”.
Em 2015, o anterior ministro da Educação, Nuno Crato, confirmou que investigadores tinham alertado que 24 escolas inflacionavam as notas internas dos seus alunos. Desse grupo, 14 eram colégios e 22 do norte do país.
No topo das escolas com avaliações internas mais inflacionadas estavam os colégios Luso-Francês e D. Duarte e os externatos Ellen Key e Ribadouro, todos do Porto.
O relatório foi apresentado esta semana por Manuel Heitor aos reitores, politécnicos, estudantes do ensino privado e Conselho Coordenador do Ensino Superior e estará em discussão até ao final do ano.
/Lusa
Surpreendida e absolutamente fascinada com a medida. Mas estou como o São Tomé “Quero ver para crer”.
Isto mexe com tantos lobbies económicos, tão bem posicionados junto aos centros de poder (e há tantos anos sem nada ter sido feito) que se tivesse que apostar no resultado final seria full in numa medida meramente cosmética para a opinião pública.
Já agora, por que não sugerir que todos os exames nacionais do secundário sejam feitos em escolas públicas (quem estiver por dentro da situação saberá bem o porque da minha sugestão).
Ass. Mãe de dois filhos que não tem dinheiro para os colocar em colégios e que já ouviu tantas histórias, se 20% for real é deveras inquietante (alegadamente).
Bom sendo mais realista: semelhante medida nunca resultará em nada; virá outro governo, deste mesmo ou doutro partido, e ficará tudo como sempre esteve.
Eles andam andam até chegarem à solução adoptada e testada há mais de 50 anos, nem mais nem menos que o exame de admissão a nível nacional realizado em escolas públicas. Esta vergonha a que chamam ensino público não é apenas culpa dos governos, dos sindicatos e dos professores, a maior culpa é da maioria dos cidadãos cuja formação cívica deixa muito a desejar. Há muitos anos, cabular era para desenrascar, para ter dez e finalizar o ciclo de ensino e ir trabalhar para ganhar a vida e como tal era tolerado; hoje cabular é para tirar boas notas, para ultrapassar seja de que forma for quem pode ser melhor mas não cabula, mas ninguém se revolta !!!