A WikiLeaks acusa os EUA de estarem a tentar “calar” Julian Assange para que não publique mais emails do director de campanha de Hillary Clinton, John Podesta. Isto depois de o Equador ter cortado a Internet a Assange – por pressão norte-americana, alega o site.
O corte do acesso à Internet do fundador da WikiLeaks, Julian Assange, que está refugiado na Embaixada do Equador em Londres desde 2012, aconteceu depois de o site ter divulgado transcrições dos discursos pagos de Hillary Clinton ao Banco de Investimento Goldman Sach.
O site alega também que teve conhecimento, através de “fontes”, que o Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, terá pressionado o Equador para tentar impedir que Assange publicasse os emails de Podesta que mostram um lado de Hillary Clinton que ela preferiria manter escondido.
Essa suposta conversa entre Kerry e autoridades equatorianas terá ocorrido durante as negociações do processo de paz com as FARC, na Colômbia, a 26 de Setembro passado.
Kerry esteve envolvido na formação do acordo de paz que pôs fim a uma guerra civil de 52 anos entre a Colômbia e as FARC e que garantiu ao presidente colombiano o Prémio Nobel da Paz.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, John Kirby, já negou as acusações da WikiLeaks: “Embora as nossas preocupações com a Wikileaks sejam de longa duração, qualquer sugestão de que o Secretário Kerry ou o Departamento de Estado estiveram envolvidos em encerrar a Wikileaks é falsa“.
“Relatos de que o Secretário Kerry teve conversas com autoridades equatorianas sobre isto são simplesmente inverdades“, salienta Kirby, citado pelo USA Today.
“Sinais de tensão” entre Equador e Assange
Apesar do corte de Internet a Assange, a WikiLeaks continua aparentemente, a funcionar como normalmente e nesta terça-feira divulgou mais um “pacote” de emails de Podesta.
A ABC News salienta que o site notou que tinha colocado em marcha “planos de contingência” não especificados.
Entretanto, o canal norte-americano dá voz a um comunicado do governo equatoriano, em reacção às notícias sobre o corte de Internet a Assange, para salientar que a “protecção” ao fundador da WikiLeaks “vai continuar até que as circunstâncias que levaram à garantia do asilo persistam”.
Mas de acordo com a ABC News, há “sinais de tensão e de suspeição mútua” entre Assange e as autoridades equatorianas. O canal cita um documento confidencial do governo que detalha uma “evidente raiva” e “sentimentos de superioridade” de Assange considerados “perigosos” para quem vive em seu redor.
Assange está alojado na Embaixada do Equador em Londres, desde 2012, para evitar a extradição para a Suécia, onde enfrentaria um tribunal por crimes sexuais.
O activista alega que as alegações dos tribunais suecos são uma mera distracção para o país o extraditar para os EUA, onde enfrentaria acusações de espionagem por ter divulgado documentos diplomáticos considerados “sensíveis”.
A campanha de Hillary Clinton já acusou a Rússia de estar por trás do ataque informático que levou à obtenção dos emails de Podesta que a WikiLeaks tem estado a divulgar a conta-gotas.
SV, ZAP