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Despedido por não cortar água aos pobres, “Robin Hood” francês tenta recuperar emprego

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Um francês, despedido por ter se recusado a cortar a água de famílias pobres que não pagavam as contas, tenta recuperar o seu emprego na Justiça.

Marc, cujo apelido não foi revelado pela imprensa, trabalhou durante 20 anos na filial de gestão de águas da multinacional francesa Veolia, que factura mais de 29 mil milhões de euros e emprega 318 mil pessoas em 48 países do mundo.

O homem trabalhava no serviço de cobranças na unidade do grupo em Avignon, no sul da França, e era encarregado de cortar o fornecimento de água de clientes devedores.

Mas desde 2006 que se recusava a cumprir a tarefa, apesar das inúmeras advertências da direcção da empresa.

Na carta de demissão de Marc, a empresa justifica o despedimento pela “recusa da realização dos cortes do sistema de água decorrentes do não pagamento das contas”.

“Em algumas casas, o frigorífico estava vazio, não havia nada para comer. Sou antes de tudo humano”, contou Marc à rádio France Bleu Vaucluse.

“Eu tentava negociar com as pessoas, propunha-lhes dividir os valores em várias prestações, orientá-las, porque não eram maus pagadores”, declarou Marc, que afirma ter solicitado à empresa inúmeras vezes a sua transferência para outro serviço do grupo.

“Há anos que pedia para mudar de função. Não é fácil ir a casa das pessoas cobrar dinheiro. Muitas vezes fui insultado”, diz o ex-funcionário.

A Veolia alega que o não cumprimento das ordens para cortar o fornecimento de água causava problemas à organização da empresa, já que outros empregados tinham de realizar a tarefa no seu lugar.

“No seu contrato, estava escrito que Marc tinha essa função. Somos uma empresa com regras. Os funcionários não escolhem as tarefas que têm vontade de realizar”, afirmou um responsável regional da Veolia.

A empresa afirma que os cortes de água diziam respeito aos “maus pagadores”.  Segundo um porta-voz da companhia, “as pessoas desfavorecidas são da alçada dos serviços sociais, que podem assumir uma parte ou o montante total das contas não pagas”.

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Quando era possível, Marc instalava no relógio de água um sistema que diminuía a pressão, mas permitia ao cliente manter o fornecimento com um volume de água reduzido.

O ex-funcionário afirma que a partir de 2009 houve mudanças na política da empresa em relação aos clientes devedores e que o corte total da água passou a ser exigido de forma sistemática.

Segundo o jornal regional Midi Libre, cerca de 1000 famílias na região de Avignon teriam sido beneficiadas pela decisão do funcionário de não cortar o fornecimento de água.

Apoio

O ex-funcionário tem o apoio dos sindicatos e moradores de Avignon.

“A água é um bem universal. Marc recusava-se simplesmente a cortar a água de pessoas desfavorecidas. Algumas já nem tinham móveis nem comida em casa”, diz Thierry Lapoirie, secretário-geral da unidade regional do sindicato CGT.

Uma petição intitulada “Demitido pelo direito à água“, lançada pelo sindicato na internet, recolheu 7 mil assinaturas.

O julgamento da sua demissão e do seu pedido para ser reintegrado noutro serviço da empresa deveria ter ocorrido esta quinta-feira, mas a decisão foi adiada para março.

Dezenas de pessoas com cartazes reuniram esta quinta-feira em frente ao tribunal do Trabalho de Avignon para apoiar o ex-funcionário e protestar contra a sua demissão e os “cortes de água selvagens”.

“Esse senhor é muito corajoso. Temos o direito de nos revoltar contra a sua demissão. A água não é uma mercadoria”, afirmou Marie-Helène, uma das manifestantes, ao Midi Libre.

ZAP / BBC

1 Comment

  1. Por cá temos problemas idênticos mas não temos “Robin Hoods” porque somos demasiado cobardes e somos demasiado sub-servientes, somos portugueses e o nome diz tudo, somos um povo com bom coração e humildes demais, por isso podem usar e abusar de nós que simplesmente aguentamos tudo.

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