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Militares apertam o cerco ao Ministro da Defesa

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Pedro Ribeiro Simões / Flickr

Vasco Lourenço, capitão de Abril

Vasco Lourenço, capitão de Abril

Vasco Lourenço juntou-se ao coro de protestos de militares contra o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, apelando que nenhum oficial aceite tomar o lugar de Carlos Jerónimo depois da demissão do Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME).

Em declarações ao jornal i, o militar de Abril defendeu esta quarta-feira que seja bloqueado o processo de substituição de Carlos Jerónimo, que se demitiu do cargo de Chefe do Estado-Maior do Exército na semana passada, na sequência de uma reportagem que denunciou o tabu da homossexualidade dentro do Colégio Militar.

“O desejável é que os generais que venham a ser convidados a seguir digam que não“, afirmou Vasco Lourenço.

Vasco Lourenço adiantou ao i que a Associação 25 de Abril, à qual preside, vai tomar uma posição pública esta quarta-feira, onde irá “felicitar a atitude do general Carlos Jerónimo, criticar a atitude do ministro, e não só, e manifestar preocupação”.

O apelo para que nenhum oficial aceite tomar o lugar de Carlos Jerónimo é partilhado por altas patentes da instituição militar, nomeadamente o general do Exército Ricardo Durão.

“Felicito a decisão tomada pelo Chefe do Estado-Maior, como felicitarei os generais que recusem a nomeação para o substituir, enquanto for mantido em funções o atual ministro”, escreveu o general esta terça-feira, num texto de opinião publicado no site do Expresso.

Garcia Leandro, ex-vice-chefe do Estado-Maior do Exército, deixou um aviso ao ministro da Defesa numa carta publicada no Diário de Notícias: “Se voltar a repetir este procedimento com outros chefes de Estado-Maior, é provável que saia o ministro em vez do chefe de Estado-Maior em causa”.

Esclarecimentos

Na reportagem do Observador, o subdiretor do Colégio Militar afirmou que “nas situações de afetos [homossexuais], obviamente não podemos fazer transferência de escola. Falamos com o encarregado de educação para que percebam que o filho acabou de perder espaço de convivência interna e a partir daí vai ter grandes dificuldades de relacionamento com os pares. Porque é o que se verifica. São excluídos”.

Os militares têm manifestado incómodo com a tomada de posição pública do ministro sobre as declarações do subdiretor da instituição.

Alguns dias depois, o ministro declarou ao Diário de Notícias que era “absolutamente inaceitável qualquer situação de discriminação, seja por questões de orientação sexual ou quaisquer outras, conforme determinam a Constituição e a Lei”.

Azeredo Lopes adiantava ainda que, “considerando que declarações atribuídas à direção do Colégio podem configurar uma inaceitável discriminação face à orientação sexual” tinha “solicitado ao Comando do Exército, que é a entidade que detém a tutela deste estabelecimento militar de ensino, o devido esclarecimento sobre o teor de tais declarações, bem como sobre as medidas que pretende adotar, enquanto responsável pelas orientações superiores deste estabelecimento militar de ensino, para garantir o direito à não discriminação, nomeadamente em função da orientação sexual”.

Exército não quis falar

Contudo, sabe-se que foi dada ao CEME a possibilidade de, antes que o ministro tomasse uma posição pública sobre o assunto, ser o Exército a fazê-lo.

Segundo consta num documento interno do ministério em que se descreve cronologicamente o processo, ao qual o Diário de Notícias teve acesso, o ministério remeteu para o CEME, a 5 de abril, as perguntas do DN (enviadas a 4 de abril ao fim do dia) sobre as declarações da direção do Colégio Militar ao Observador na reportagem publicada a 1 de abril.

Na missiva, o ministério alertava que, “dada a natureza do tema em questão, não poderá deixar de lhes responder, sugerindo que o próprio Exército deveria tomar uma posição pública sobre o assunto no mais breve espaço de tempo, a qual poderia mesmo antecipar a resposta do gabinete do ministro”.

De acordo com o documento, Carlos Jerónimo reconheceu, numa resposta ao ministro a 6 de abril, que as declarações do subdiretor do Colégio Militar “podem passar uma ideia de resignação ou, até, conivência da direção perante a eventual existência de práticas discriminatórias naquele Estabelecimento Militar de Ensino”.

No entanto, é também afirmado taxativamente que o CEME não rejeitou o teor de tais declarações nem identificou “qualquer medida concreta que garanta que o princípio da não discriminação é cumprido”.

A demissão do general Carlos Jerónimo prende-se, assim, com “a questão essencial” de que o ex-CEME não terá “desencadeado algum processo de averiguações ou inspeção sobre a situação em causa”, isto é, sobre eventuais práticas de discriminação aos homossexuais no Colégio Militar.

ZAP

7 Comments

  1. Aceito e aprovo a atitude de Vasco Lourenço-pessoa que pessoalmente estimo e considero como amigo-enq uanto membro da classe castrence -,mas não aprovo qualquer medida no contexto do foro militar por parte da Associação 25 de Abril,instituição que considero de carácter civico, e onde a maioria dos sócios,penso,são civis,o que,aliás,é o meu caso.

  2. Não percebo toda esta questão. É evidente que não deve haver discriminação entre gays e não gays, nas escolas. Mas também não é caso para um Chefe de Estado Maior se demitir.
    Os problemas nas escolas resolvem-se com o apoio de psicólogos ou de outros professores competentes. Em todos os estabelecimentos de ensino há as chamadas “amizades particulares”. Isso é normal nos adolescentes e não se deve fazer disso um “bicho de sete cabeças”.

  3. Esse ministro é que tem de se demitir por maltratar assim o exército. Claro que afetos homossexuais durante o curso são inaceitáveis, tal como não é aceitável qualquer outro tipo de assédio sexual. É natural e salutar que tais mancebos sejam discriminados. Melhor, deviam ser imediatamente expulsos por comportamentos inaceitáveis e inapropriados durante a formação.

    • Uiiii, não digas mais… já percebemos que tens aí um macaquinho no armário à espera de sair cá para fora… mas não é por recriminares esse teu desejo, tratando mal os que têm o mesmo gosto que tu por homens, que passas a ser heterossexual…
      vá, se não te sentes bem nesse corpo ou com as escolhas que fizeste, então é melhor ires a um psicólogo mas essa atitude assim não te ajuda a lidar com a tua homossexualidade…

  4. No meio de todos comentários feitos,acho que deveria ser conveniente considerar,não obstante certas caracteristicas pedagógicas e respectivos curriculos, que o Colégio Militar,não é nenhum Regimento,mas outrossim um estabelecimendo de Ensino Público.
    Tanto ao resto,estou com Jean Renoir: “Todo o mundo tem as suas razões (opiniões?!’!) e tudo é preciso para fazer o mundo.”

  5. Tenho muitas dúvidas se amanhã este senhor Vasco Loureço não estará do lado dos partidos de esquerda a defender a ética do anormal e inaceitável, veremos!

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