Com 750 euros por mês, o PCP tem a “ambição do poder”

4

António Pedro Santos / EPA

Jerónimo de Sousa e Paulo Raimundo

Paulo Raimundo explica que os salários no partido acompanham a “realidade social” em Portugal.

O ilustre desconhecido começa a ser conhecido: Paulo Raimundo concedeu a sua segunda entrevista enquanto líder do Partido Comunista Português (PCP).

Jerónimo de Sousa deixou de ser o secretário-geral dos comunistas e o seu sucessor tem noção de que “dificilmente teria feito melhor” do que o seu antecessor.

Nesta entrevista à CNN Portugal, Paulo Raimundo disse que tem noção do “legado pesado” de Jerónimo, mas concorda com o rumo do líder anterior – incluindo o facto de o PCP ter feito um acordo com PS e Bloco, em 2015, para viabilizar um Governo à esquerda.

Paulo foi questionado sobre os números avançados por outra dirigente do partido, Margarida Botelho, que contou que recebe 750 euros limpos por mês, como funcionária do PCP.

O líder confirmou que recebe o mesmo valor e explicou que os salários no partido acompanhar a “realidade” em Portugal.

O responsável disse que 75% dos trabalhadores em Portugal ganham menos de mil euros por mês e dois milhões ganham igual ou menos de 800 euros.

“Mal estaria um partido, com as nossas características, onde os seus funcionários falassem de cor dos problemas. Nós não falamos de cor dos problemas, também os sentimos”, justificou.

“Os funcionários do partido estão profundamente ligados à realidade social, mas também estão ligados do ponto de vista material. Portanto, cada vez que aumenta a inflação dos bens alimentares, nós também sentimos”.

“Quanto mais rápida for a evolução salarial do conjunto dos trabalhadores portugueses, mais rápida é a evolução salarial dos funcionários do partido”, completou.

Mesmo assim, a ambição dos comunistas é chegar ao poder: “Ambicionamos o poder, é por isso que cá estamos”.

Paulo Raimundo não concorda com as críticas que apontam que o PCP está “parado no tempo” há alguns anos. “Não acompanho essa ideia. Pelo contrário“.

A tendência recente é de descida do PCP no número de votos, mas o novo líder está “confiante nas batalhas que vão ter pela frente”.

Para a primeira acção política no seu novo cargo, em Matosinhos, Paulo Raimundo vai centrar-se nos salários baixos, no aumento das reformas, na conteção de preços e da luta contra o capital.

Sobre a guerra na Ucrânia, fica uma posição “simples” e “complexa” ao mesmo tempo: “O conflito se iniciou a 24 de Fevereiro. Há um conflito que está para lá da Ucrânia”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

4 Comments

    • O Senhor sabe a Razão de eles trazerem somente 750€ para casa? É Claro que depois têm prémios de deslocação e outros Bónus como tantos outros deputados, mas na realidade eles Recebem o mesmo que outros deputados, somente a distribuição interna do PCP desses Valores é diferente e é nesse aspeto que ele depois no fim só traz 750€.

      • Entre un Deputado em regime de exclusividade e un Deputado sem regime de exclusividade o valor que recebem varia entre 3.668.00 € e 4.054.11 € mensais ! … Feitas as contas , o que vai para a caixa do Partido , ronda os 2.000.00€ mensais por Deputado a multiplicar por seis dá , mais ou menos 12.000.00 mensais fora os extras . Realmente metem dó !

  1. Está a esquecer que o novo Secretário Geral do PCP não é deputado. Era ( e vai continuar a ser) funcionário do partido.
    Assim, por coerência, o SMN no PCP é de cerca de 850 € ,como reclama para o País.
    Sem o desconto para a Segurança Social ficam os tais 750€ que levam para casa.
    Por amor ao Partido os militantes preferem fazer crescer o património imobiliário do PCP do que pagarem mais justamente aqueles que trabalham para eles.
    Por isso é que são comunistas.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.