Jerónimo de Sousa deixa liderança do PCP. Sucede-lhe Paulo Raimundo

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André Kosters / Lusa

Jerónimo de Sousa

O dirigente comunista Paulo Raimundo vai substituir Jerónimo de Sousa como secretário-geral do PCP, que fecha um ciclo de 18 anos à frente dos comunistas, anunciou este sábado o partido.

“Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, no prosseguimento de uma avaliação própria, refletindo sobre a sua situação de saúde e as exigências correspondentes às responsabilidades que assume, colocou a questão da sua substituição nas funções que desempenha, mantendo-se como membro do Comité Central do PCP”, anunciou o PCP, em comunicado.

No seguimento da questão colocada por Jerónimo de Sousa e “concluída a auscultação” necessária, o Comité Central comunista propôs Paulo Raimundo para secretário-geral do PCP.

A proposta para novo líder vai ser votada em reunião da direção do Comité Central no dia 12 de novembro, após a conclusão dos trabalhos do primeiro dia da Conferência Nacional, que se realizará em Corroios, Seixal.

O PCP classifica o novo líder, Paulo Raimundo, como um comunista de uma “geração mais jovem, com um percurso de vida marcado por uma experiência diversificada, com capacidade, inserção no coletivo”.

Está “preparado para uma responsabilidade que associa a dimensão pública à ligação, contacto e identificação com os trabalhadores e as massas populares, assim como com o PCP as suas organizações e militantes”, acrescenta o comunicado do partido.

Paulo Raimundo, de 46 anos, aderiu à Juventude Comunista em 1991 e ao PCP em 1994. Membro do Comité Central desde 1996, foi eleito quatro anos para a Comissão Política.

Jerónimo de Sousa, 75 anos, antigo operário e deputado desde os tempos da Assembleia Constituinte, abandona a liderança do Partido Comunista Português, após perto de 18 anos no cargo.

“Destaca-se, neste momento, a grande dedicação e empenho com que assumiu estas elevadas responsabilidades por um longo período, exemplo de compromisso com o ideal e projecto do PCP, ao serviço dos trabalhadores, do povo e do país, da paz, da amizade e solidariedade entre os povos, bem como a disposição de prosseguir a sua acção militante”, assinalou o PCP.

No comunicado, enviado pelo gabinete de imprensa comunista, a direção do PCP acrescenta que o partido “no quadro do seu funcionamento coletivo, com as responsabilidades individuais que lhe são inerentes” e “dotado das conclusões da Conferência Nacional, prosseguirá e intensificará a sua ação”.

Jerónimo deixa bancada do PCP

Este domingo, Jerónimo de Sousa anunciou que vai deixar de ser deputado à Assembleia da República porque houve “uma alteração qualitativa” das suas capacidades.

“Não, não vou continuar como deputado. Naturalmente, há aqui uma alteração qualitativa das minhas capacidades. Tendo em conta a dimensão da nossa bancada… Não se compadece com ausências momentâneas”, explicou Jerónimo de Sousa.

O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, agradeceu o “enorme contributo” de Jerónimo de Sousa para as instituições democráticas portuguesas, em reação ao anúncio da sua saída de secretário-geral do PCP.

Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, realçou a “cortesia institucional” e “cooperação institucional” de Jerónimo de Sousa como secretário-geral do PCP e desejou felicidades a Paulo Raimundo, proposto para seu substituto.

“Tive com o secretário-geral do PCP uma cooperação institucional e ele manteve sempre uma cooperação institucional com o Presidente da República”, disse o presidente.

Independentemente de concordâncias e discordâncias, como aconteceu na votação do último Orçamento do Estado, do penúltimo, que determinou a dissolução do parlamento, foi sempre de uma cortesia institucional e de uma cooperação institucional muito rigorosa”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Paulo Raimundo, o homem dos vários ofícios

O novo líder do PCP, Paulo Raimundo, entrou para os órgãos directivos mais restritos do partido no último Congresso, em 2020, e exerceu vários ofícios que o ligam ao mundo do trabalho, substituindo, aos 46 anos, Jerónimo de Sousa na liderança do partido.

Nas notas biográficas divulgadas pelo PCP, destaca-se que o dirigente comunista “começou como carpinteiro, foi padeiro e animador cultural na Associação Cristã da Mocidade na Bela Vista”, realidades que “lhe permitiram medir o pulso às “contradições do dia-a-dia”, como os baixos salários, a exploração e a precariedade, mas também a “camaradagem e solidariedade” entre os trabalhadores.

ZAP // Mário Cruz / Lusa; PCP

Paulo Raimundo é o novo Secretário Geral do PCP

A divulgação do nome proposto para secretário-geral, depois de uma “auscultação” às estruturas comunistas, foi feita pelo gabinete de imprensa do PCP em comunicado ao início da noite de sábado e causou alguma surpresa já que Raimundo é conhecido nas bases do partido mas relativamente desconhecido na esfera mediática.

O dirigente aderiu à JCP em 1991, e ao PCP em 1994, passando a funcionário dez anos depois. Apenas dois anos depois de se filiar, é eleito membro do Comité Central e em 2016 sobe ao Secretariado.

Em 2000, no XVI Congresso, em 2020, é eleito para a Comissão Política do Comité Central comunista, acumulando a presença nos dois órgãos mais restritos da direcção, ao lado de nomes como Jerónimo de Sousa, Francisco Lopes, Jorge Cordeiro e José Capucho.

No último congresso, em Novembro de 2020, foi reeleito para os três principais órgãos da direcção do PCP.

Juntamente com Jerónimo de Sousa, Francisco Lopes, Jorge Cordeiro e José Capucho, Paulo Raimundo era um dos poucos militantes a acumular funções nos órgãos mais restritos da direção comunista — Comissão Política e Secretariado.

Paulo Raimundo, casado e pai de três filhos, foi também eleito na Assembleia Municipal de Setúbal, cidade onde cresceu.

O futuro secretário-geral do PCP é apresentado pelo partido como um dirigente que “associa qualidade humanas próprias a uma experiência densa e diversificada”, um trabalho político de proximidade com todas as estruturas do partido, desde a juventude comunista aos órgãos mais circunscritos da direcção.

O PCP descreve o militante de há quase três décadas como um homem com “um percurso de vida dedicado à defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo português, por um Portugal com futuro, pelo ideal e projecto comunistas”.

ZAP // Lusa

9 Comments

  1. Logo agora que estava a ir ao charco vão trocar de líder. Espero que o novo líder não melhore os resultados nas eleições. O comité central vai eleger o líder. Lol. A democracia em pleno funcionamento. Lol.

  2. Estão de parabéns o PC e o camarada Jerónimo. É um grande passo no sentido da actualidade! Trocaram o camarada “cassete ” pelo camarada “CD”!
    Em breve chegarão ao camarada “pen-drive”!

  3. faço das palavras do André Ventura minhas, muitos anos de saúde, mas a nivel de partido tchau e adeus e nunca mais acabem com partidos que não interessam ao nosso país democratico e livre, fora comunismos e ditaduras, viva a liverdade e democraçia.

    • Só que o ventura ou o seu Partido,ou ambos são piores que o PCP, o PCP tal como o Trump, como com Bolsonaro só saem do poder á força, nunca respeitam os resultados das Unas.

  4. Pelo menos parece com mais um empurrão com maior elevação do que se passou com o ex líder Chinês, mas a expressão, o semblante do Jerónimo de Sousa não parece nada com uma saída voluntária, foi com o Jerónimo de Sousa que aprendi aquela cena, de a cara não dar com a careta,ou a bota não dá com a Perdigota, imagino que já para derrubar o último Orçamento já não mandava nada, mas tinham de o sustentar á frente do Partido para nas eleições não cair, não ter um tombo maior do que teve

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