Mais de 40 pessoas morreram nas manifestações contra o governo da Colômbia que começaram há duas semanas, segundo a organização não-governamental (ONG) Temblores.
Em relatório divulgado na terça-feira, a ONG colombiana contabiliza pelo menos 40 mortes na sequência de confrontos entre manifestantes e a polícia, e dá conta de que pelo menos um polícia foi esfaqueado até à morte enquanto tentava impedir um motim.
Segundo o Ministério da Defesa colombiano, 849 agentes ficaram feridos nos protestos, incluindo 12 por armas de fogo, além de 716 civis, sem precisar neste caso o número de feridos por balas.
De acordo com as autoridades colombianas, 168 pessoas desapareceram durante as manifestações, que deverão continuar nos próximos dias.
A 5 de maio, a entidade que reporta os dados relativos a direitos humanos na Colômbia disse que 24 pessoas tinham morrido e 89 estavam desaparecidas.
A polícia colombiana está a ser amplamente acusada de usar força excessiva para reprimir os protestos que começaram em 28 de abril para protestar.
O Presidente da Colômbia anunciou o início de 65 ações disciplinares, incluindo oito por homicídio, para investigar a violência policial durante os protestos que se realizam diariamente há 14 dias no país.
Iván Duque, que visitou na terça-feira a localidade de Cali, centro dos protestos contra o Governo, disse terem sido iniciadas “65 ações disciplinares, 27 por abuso de autoridade, 11 por agressão física, oito por homicídio e 19 por outros comportamentos”.
A Procuradoria tem ainda em curso dez investigações e o Ministério Público 20, enquanto a Justiça Penal Militar é responsável por seis. Além disso, “667 pessoas foram detidas por atos de vandalismo, 20 por ordem judicial e 647 quando encontradas em flagrante delito”, disse.
Estas são as manifestações mais sangrentas contra o Governo do Presidente de direita desde os protestos maciços em 2019 e 2020 contra a violência policial.
Inicialmente, os protestos foram motivados por um aumento de impostos, mas continuaram mesmo depois de o governo recuar na sua intenção, e dirigem-se agora à crise que o país atravessa por causa da pandemia.
Duque, anunciou que os estudantes de universidades públicas e instituições técnicas e tecnológicas não terão de pagar propinas durante o segundo semestre deste ano, uma das reivindicações dos manifestantes.
O governante colombiano indicou que a medida vai permitir que 97% dos estudantes em universidades públicas, instituições técnicas e tecnológicas tenham “as propinas pagas”.
“Sabemos que a pandemia trouxe muitos efeitos negativos para o rendimento das famílias e, por isso, muitas famílias expressaram a necessidade de poder ter um mecanismo que ajude a cobrir os custos de educação”, acrescentou Duque, precisando que a medida só vai ser aplicada, para já, no segundo semestre deste ano.
No entanto, disse que pode vir a converter-se em política do Estado a partir de 2022.
ZAP // Lusa