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Mais de 2.650 jornalistas foram mortos nos últimos 30 anos. 2020 já fez 42 vítimas

Mais de 2.650 jornalistas foram mortos nos últimos 30 anos, dos quais 42 em 2020, segundo o Livro Branco sobre Jornalismo Global, da Federação Internacional de Jornalistas, divulgado no Dia Internacional dos Direitos Humanos.

“Quando a Federação Internacional de Jornalistas publicou o seu primeiro relatório anual de jornalistas mortos em 1990, poucos previram que a lista de jornalistas mortos ainda estaria em vigor 30 anos depois, abrangendo todo o globo”, refere a federação, no Dia da Declaração Universal dos Direitos do Homem – Dia dos Direitos Humanos.

A Federação Internacional de Jornalistas (IFJ, na sigla inglesa), publicou um documento de referência: o Livro Branco sobre Jornalismo Global. Neste documento, a IFJ refere que “2.658 jornalistas foram assassinados desde 1990, 42 deles em 2020, e 235 estão atualmente na prisão”.

A federação “foi a primeira organização a representar jornalistas a dar o alarme sobre os seus assassinatos e mapear o seu destino todos os anos”, enquanto eram alvo “impunemente em todos os cantos do globo, brutalizados, baleados, sequestrados” pelos inimigos da liberdade de imprensa, lê-se no documento.

“Quando começámos a contar, em 1990, listámos 40 jornalistas e trabalhadores media mortos nesse ano”, refere.

Mais de metade dos jornalistas foram mortos nos “10 lugares mais perigosos de países que sofreram violência de guerra, crime e corrupção, bem como uma catastrófica quebra da lei e ordem”, refere o Livro Branco.

O Iraque, com 339 mortos, está no tipo da lista, seguido do México (175), Filipinas (159), Paquistão (138), Índia (116), Federação Russa (110), Argélia (106), Síria (96), Somália (93) e Afeganistão (93).

De acordo com o documento, os anos mais mortíferos para os jornalistas foram 2006 e 2007, com 155 e 135 mortos, respetivamente, refletindo a guerra do Iraque e “o banho de sangue sectário que resultou 69 e 65 mortos”, em cada um daqueles anos.

“No Iraque, que lidera a mesa e adquiriu o apelido do país mais assassino do mundo para jornalistas, os assassinatos de jornalistas eram raros na primeira década” quando a IFJ começou a contabilizar, mas só em 2003, “com a invasão anglo-americana” é que os números começaram a aumentar.

De forma semelhante, os números no Afeganistão “refletem as consequências da invasão dos Estados Unidos em 2001”.

Estes são apenas dois exemplos de países onde a violência de guerra teve reflexo na vida dos profissionais de media.

“Não há uma explicação única porque é que os jornalistas são considerados alvo, mas uma das principais causas são sempre guerras e conflitos armados” em que os que noticiam os acontecimentos estão expostos a ferimentos, raptos ou pior, prossegue.

“Nos últimos anos surgiu uma nova ameaça” que envolve organizações terroristas, muitas delas a operar na região do Médio Oriente.

No caso do assassinato dos jornalistas do jornal satírico Charlie Hebdo, ficou provado que “eles podem lançar um ataque em qualquer parte do mundo”, aponta o Livro Branco sobre Jornalismo Global.

Já em outras regiões, não é a guerra, mas os barões do crime e autoridades corruptas que lideram os assassinatos.

Historicamente, regiões como o Médio Oriente registaram uma relativa calma nos primeiros 10 dos 30 anos em análise. Ou seja, apenas 16 jornalistas foram mortos entre 1990 e 2020 e só com a invasão do Iraque, em 2003, é que os números começaram a subir, acrescenta.

“As estatísticas acumuladas ao longo do período revelam um padrão regular de jornalistas mortos todos os anos”, prossegue o documento.

Em 25 dos últimos 30 anos, “nunca menos de 50 jornalistas” foram listados como mortos. E se a fasquia for aumentada, irá descobrir-se que “75 jornalistas foram mortos em 20 dos 30 anos” em análise, e 100 em 11 anos do mesmo período.

O pico aconteceu em 2006 e 2007 e os números mais baixos registaram-se em 1998 e 2000 (37).

Os padrões das variações regionais levantam o véu sobre como as mortes evoluíram ao longo dos anos, de acordo com variáveis específicas: A região Ásia Pacífico lidera, com 681 jornalistas mortos, seguido da América Latina, com 571, o Médio Oriente, com 558, África, com 466, e Europa, com 373.

Até 29 de novembro deste ano, foram mortos 42 jornalistas: 15 na América, 13 na Ásia-Pacífico, seis em África, seis no Médio Oriente e mundo Árabe, e dois na Europa.

Nos países considerados mais perigosos para jornalistas, foram mortos este ano 13 no México, cinco no Paquistão, três no Afeganistão, e igual número na Índia, Nigéria e Iraque.

Registaram-se também duas mortes nas Filipinas, Somália e Síria, e um jornalista morto nos Camarões, Honduras, Paraguai, Rússia, Suécia e Iémen.

// Lusa

 

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