Há 25 milhões de euros para reabilitar a Serra da Estrela. Área ardida em 2022 ultrapassa os 100 mil hectares

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Miguel Pereira da Silva / Lusa

Incêndio na Serra da Estrela, Covilhã

Estão previstos investimentos para a estabilização de emergência das encostas, a criação de um hub tecnológico e o restauro de habitats na Serra da Estrela.

Os autarcas dos municípios da Serra da Estrela que foram afetados pelo enorme incêndio que deflagrou 25% do parque natural estão unidos no projeto de revitalização da região.

Estão previstas medidas de estabilização de emergência, o restauro de habitats e redes hidrográficas e a criação de um hub científico e tecnológico. No total, os vários programas terão um financiamento de 25 milhões de euros, segundo avança Jorge Ferreira, vice-presidente da autarquia de Gouveia, ao JN.

A principal prioridade é a estabilização das encostas devido ao risco de contaminação das bacias hidrográficas com as primeiras chuvas. A preservação dos habitats de várias espécies, incluindo da avifauna e das piscícolas, também é um dos maiores focos do projeto.

No total, prevê-se que sejam investidos quatro milhões de euros em ações de estabilização de emergência; oito milhões na recuperação e reabilitação dos povoamentos; dois milhões para a reabilitação da rede hidrográfica e meio milhão para o restauro de habitats naturais.

Já a criação de um hub científico e tecnológico na serra da Estrela será um investimento de quatro milhões de euros nos próximos cinco anos.

Área ardida este ano já ultrapassa os 100 mil hectares

A área ardida em Portugal devido aos incêndios deste ano já ultrapassou os 100 mil hectares, segundo dados do Instituto da Conservação da Natureza e da Floresta (ICNF) hoje divulgados.

Os dados provisórios até hoje, obtidos com base no Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais (SGIF), registam que arderam 103.332 hectares, 51% de povoamentos florestais, 39% de matos e 10% de área de agricultura.

Desde o início do ano até hoje já foram registadas 9.100 ocorrências, de acordo com os mesmos números, publicados na página do ICNF.

Dados também publicados pelo ICNF, no quarto relatório provisório de incêndios rurais de 2022, com valores de 01 de janeiro a 15 de agosto, arderam nesse período 80.760 hectares, o que significa que na última semana terão ardido mais de 22 mil hectares. A 15 de agosto o número de ocorrências cifrava-se em 8.517, pelo que na última semana registaram-se mais de 500 ignições.

O relatório indica que, comparando com o histórico dos 10 anos anteriores, houve até dia 15 menos 12% de incêndios rurais mas mais 30% de área ardida.

Desde 2012, sempre com dados até 15 de agosto, este é o sexto ano com maior número de incêndios e o terceiro com mais área ardida.

No período em questão registaram-se 16 incêndios com uma área ardida igual ou superior a mil hectares (a maior parte, 82%, não chega a um hectare) e 66 com uma área ardida igual ou superior a 100 hectares, já considerados grandes incêndios. Castelo Branco foi o distrito com mais área ardida.

Até dia 15, das causas de incêndios apuradas indicam que 22% se deveram a queimadas e outros 22% a incendiários.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Afinal a obrigatoriedade de limpeza de matos, a destruição de habitats naturais, o corte de árvores saudáveis… nada resultou. O que virá a seguir? Limitar a plantação de eucaliptos e pinheiros e aumentar as zonas de bosques de castanheiros, sobreiros etc, não será de certeza.

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