A companhia ferroviária holandesa NS aceitou pagar uma indemnização aos sobreviventes e familiares das vítimas do Holocausto por ter transportado judeus para um campo de concentração durante a 2ª Guerra Mundial.
A decisão foi tomada pela NS para evitar uma batalha legal e seguiu-se a uma campanha liderada por Salo Muller, atualmente com 82 anos, cujos pais foram assassinados em Auschwitz.
“É uma boa notícia. Estávamos decididos a avançar para a Justiça, porque as primeiras reações da NS foram negativas, mas por fim a empresa entendeu que o caso se podia resolver de outra maneira. Não se trata de não esquecer o que aconteceu, isto é sobre as pessoas que ainda estão vivas e querem ver reconhecidos os seus direitos”, afirmou Liesbeth Zegveld, advogada que representa Salo Muller e outros sobreviventes judeus.
A companhia ganhou milhões pela colaboração com os nazis, assumindo o transporte para Westerbork, um campo situado na província holandesa de Drente e por onde passaram milhares de ciganos e judeus durante os anos de 1940.
Calcula-se que cerca de 107 mil judeus tenham sido para aí levados, sendo posteriormente deportados para Auschwitz e Sobibor. Apenas cinco mil sobreviveram.
Em 2005, a NS pediu desculpa pelo papel que assumiu durante a 2ª Guerra e contribuiu para a renovação do museu em Westerbork. Mas até agora nunca se tinha mostrado disponível para compensar individualmente as vítimas. Os valores das indemnizações e quem tem direito a recebê-las está ainda por decidir.
A decisão agora anunciada segue-se ao caso que envolveu, há alguns anos, a empresa ferroviária francesa SNCF, que foi condenada a pagar uma indemnização pelo seu papel na deportação de 76 mil judeus franceses.
ZAP // BBC