A SNCF, sociedade dos caminhos-de-ferro franceses, vai pagar 60 milhões de dólares às vítimas norte-americanas deportadas para os campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, anunciaram hoje os negociadores de um acordo estabelecido com Washington.
Este acordo, que vai ser assinado na segunda-feira, refere-se à criação de um fundo de indemnizações que a sociedade dos caminhos-de-ferro franceses (SNCF) vai dotar com 60 milhões de dólares, entregues à administração norte-americana para compensar “alguns milhares” de deportados não-franceses e famílias.
A notícia foi adiantada pela embaixadora francesa para os Direitos Humanos, Patrizianna Sparacino-Thiellay, durante uma videoconferência de imprensa.
O acordo, que demorou dois anos a ser negociado, vai permitir à SNCF apresentar-se aos principais concursos para obras públicas no estado norte-americano de Maryland (nordeste dos Estados Unidos).
Vários milhares de pessoas podem ser abrangidas pela indemnização, incluindo cidadãos de Israel e do Canadá, e norte-americanos que foram deportados de França para os campos da morte durante a Segunda Guerra Mundial.
Durante a ocupação de França pela Alemanha, o regime Nazi deportou cerca de 76 mil judeus para campos de concentração em carruagens de mercadorias francesas, entre 1942 e 1944. Sobreviveram perto de três mil.
Os legisladores do estado de Maryland exigiram que a SNCF compensasse as vítimas antes de ser autorizada a participar num concurso público-privado, no valor de cerca de três mil milhões de dólares.
O acordo vai ser assinado na segunda-feira pelo conselheiro especial norte-americano para as questões do Holocausto, Stuart Eizenstat, e por Patrizianna Sparacino-Thiellay.
/Lusa