Mais de 2000 utentes continuam nos hospitais após terem alta. Não há vagas nos lares

No último ano, houve um aumento de mais de 10% de pessoas que continuam internadas nos hospitais após terem alta por não terem para onde ir.

Os internamentos inapropriados em hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) continuam a ser um problema significativo e crescente em Portugal. Segundo a 8.ª edição do Barómetro de Internamentos Sociais, divulgada pelo Público, no dia 20 de março, havia 2164 pacientes internados que já tinham recebido alta.

Este número representa um aumento de 10,7% em relação ao ano anterior. As regiões mais afetadas são Lisboa e Vale do Tejo e o Norte, que somam 83% do total de internamentos inapropriados.

O estudo, realizado pela Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), com apoio da Associação dos Profissionais de Serviço Social (APSS) e da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), abrangeu 39 entidades do SNS, correspondendo a 90% das camas disponíveis. Dos internamentos inapropriados, 44% foram devidos à falta de resposta da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) e 30% à espera por vagas em estruturas residenciais para idosos (ERPI).

A edição deste ano integrou dados de hospitais gerais e psiquiátricos, refletindo a reorganização do SNS em Unidades Locais de Saúde (ULS). Esta integração permite uma análise comparativa com barómetros anteriores, mostrando uma tendência preocupante de aumento de internamentos inapropriados e dos dias totais de internamento, que em 2024 atingiram 378 068 dias, um aumento de 13% face ao ano anterior.

Xavier Barreto, presidente da APAH, destaca o impacto negativo desta situação na gestão hospitalar, agravando o congestionamento das urgências. “Havia uma linha específica para aumentar a capacidade da RNCCI em 50%. Estamos em meados de 2024 e o PRR é para ser executado até meados de 2026″, lembra, sugeringo ainda que os processos administrativos sejam desburocratizados.

Os custos financeiros elevados associados aos internamentos inapropriados também podem atingir 261 milhões de euros anualmente, um aumento de 16% comparado ao ano anterior.

O barómetro deixa claro que, apesar dos diagnósticos e dos alertas reiterados, ainda são necessárias ações concretas e eficazes para mitigar este problema persistente nos hospitais do SNS.

ZAP //

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