A China Aviation Lithium Battery Technology (CALB) quer instalar fábrica no distrito de Setúbal, para a qual prepara um investimento de dois mil milhões de euros e promete a criação de 1800 postos de trabalho. Já arrancou a consulta pública.
A escolha de Sines — cidade já conhecida pelo seu porto marítimo e atividades industriais — para a implantação da fábrica é estratégica. Situada num terreno de 45 hectares na Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), a fábrica terá uma capacidade produtiva impressionante de 15 gigawatts por hora (GWh), equivalente a 38,6 milhões de células por ano.
Com previsão de início de produção até ao final de 2025, a fábrica visa atender a uma demanda crescente, integrando-se nas políticas europeias e nacionais de transição energética.
“Com o objetivo de satisfazer a grande procura dos clientes (principalmente da indústria automóvel), pretende-se garantir o início da produção até ao final de 2025”, lê-se em documento citado pelo Jornal Económico esta segunda-feira.
“Muita importante para a economia nacional”
O projeto, reconhecido em março de 2023 como Projeto de Potencial Interesse Nacional (PIN), prevê um “investimento de 2.060 milhões de euros” e promete criar “1800 postos de trabalho diretos”, tratando-se assim de “um investimento com muita importância ao nível da economia nacional”, lê-se.
O projeto, salienta o documento, “representa uma oportunidade para o desenvolvimento económico, induzido pela transição energética, em particular, a substituição gradual de veículos com motores a combustão por veículos elétricos”.
A produção de baterias de lítio “(baterias elétricas), contribuirá para a transição energética global e para o desenvolvimento da cadeia de valor europeia das baterias, sendo muito relevante para o desenvolvimento do PIB Nacional e Europeu”, diz o promotor, que salienta os “efeitos positivos” da obra.
“Assinale-se os efeitos positivos socioeconómicos associados, na fase de construção, à utilização de mão-de-obra local e à atração de trabalhadores para o local da obra, e na fase de exploração, à criação de riqueza, dinamismo económico, e promoção de emprego”, acrescenta a CALB.
Efeitos ambientais e sociais são “mitigáveis”
O investimento é impulsionado pela crescente procura por baterias de lítio, motivada principalmente pela indústria automóvel e a sua transição para veículos elétricos, mas traz consigo certas preocupações ambientais.
Apesar dos impactos negativos como a eliminação de vegetação e o aumento da pressão sobre os recursos hídricos, medidas de mitigação, como um Plano de Gestão Ambiental abrangente e diversos planos de monitorização estão a ser planeadas de modo a garantir uma implementação responsável do projeto e a preservação do equilíbrio ecológico local, sublinha a CALB.
O projeto “vai ao encontro das políticas europeias e nacionais de transição energética pois tem como objetivo a construção e operação de uma unidade de produção de baterias de lítio, essenciais para garantir a transição energética” e também ao encontro dos objetivos do “PNEC 2030 na ótica da redução da emissão de GEE, proveniente de veículos com motores a combustão, contribuindo para suportar a transição energética e a progressiva substituição de veículos com motores a combustão por veículos elétricos”, garante a empresa no documento.
“Em termos de impactes residuais, subsistem alguns efeitos negativos significativos, como a eliminação da vegetação para construção da fábrica, o potencial aumento da pressão nos Recursos Hídricos (consumo) e a potencial pressão imobiliária prevista na fase de exploração. Estes aspetos serão devidamente geridos e monitorizados durante a implementação do projeto”, pode-se ler no documento.
No entanto, a empresa salienta que estes efeitos são “pouco significativos e mitigáveis”.
Os “demais impactos negativos, classificados genericamente como “pouco significativos a sem significância, são mitigáveis com o conjunto de medidas de minimização identificadas no EIA no decurso da normal gestão e mitigação ambiental em ambiente de obra, destacando-se ainda os planos de monitorização propostos, nomeadamente, o Plano de Monitorização da Flora e Vegetação, o Plano de Monitorização de Avifauna, o Plano de Monitorização da Qualidade da Água Subterrânea, o Plano de Monitorização do Ambiente Sonoro, o Plano de Monitorização de Qualidade do Ar e o Plano de Monitorização da Socioeconomia”, lê-se, de acordo com o Económico.
“Será assim assegurado o acompanhamento destas componentes, e caso necessário, serão implementadas medidas de gestão necessárias. Prevê-se igualmente o enquadramento paisagístico da Unidade Industrial, tendo sido para tal elaborado um Plano de Integração Paisagística. Reforça-se que as medidas preconizadas, serão asseguradas através da implementação de um Plano de Gestão Ambiental, para gerir os demais impactes negativos identificados. Este plano deverá incluir e configurar a inclusão mandatória de todas as medidas e programas de monitorização propostos para a fase de construção e exploração”, segundo o documento.
A fábrica em Sines é apenas um dos vários projetos industriais previstos para a região na próxima década, refletindo um aumento na demanda por conexão à rede elétrica nacional. Com 17 projetos de 12 entidades interessadas, incluindo vários classificados como PIN, Sines está a emergir como um pólo de inovação industrial e sustentabilidade.
Temos a certeza de que não vai a conhecer. A população descontente. A desmatação, os sapos e as libelinhas. Os nossos técnicos da administração pública, as nossas entidades em defesa da causa pública, a administração interna, os instrumentos judiciais e repressores… todos irão contribuir para que nada se concretize.
Para já, dois pontos a questionar:
1º Porquê a China? Será que também quer tomar conta disto
2º «Efeitos ambientais e sociais são mitigáveis» diz-se. Não, não serão, como sempre. E não serão porque isso tem custos elevados a que a empresa tentará, por todos os meios, fugir. Mas pior do que isso, é que à partida ficam previstos os piores efeitos, pois mitigar não é a mesma coisa que evitar.
É uma vergonha. Inadmissível.
Num momento em que o mundo está suspenso das ações da China, tanta na sua ofensiva sobre Taiwan como no que tem feito em Hong-Kong e Macau, como nos mares Indo-Pacífico, querem hipotecar este país ainda mais aos interesses globais chineses. O mesmo aconteceu com o petróleo e gás russo, e foi o que se viu. O Ocidente tem de ter uma relação correcta com a China mas não deve andar a abrir-lhe portas como o fez desde os anos 80 quando lhe desvendou o mundo tecnológico. Agora pagam caro.
E este Portugal dominado por corruptos continua a fazer a mesma asneira.
Ora nem mais!