Mais de 100 mil beneficiários não usaram cheques-dentista dados pelo Estado em 2019

Um terço das pessoas que receberam cheques-dentista para consultas e tratamentos não utilizaram, em 2019, estes vales oferecidos pelo Estado a determinados grupos da população.

Segundo o jornal Público, a taxa de não utilização tem rondado os 30% ao longo dos anos e atingiu, no ano passado, o valor mais elevado desde 2014 — 33,8%. De acordo com os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), dos cerca de 312 mil beneficiários, 106 mil não usaram estes cheques de 35 euros.

Apesar destes números, a DGS considera que a taxa de utilização é elevada. “Não prevemos que haja um grande aumento [da percentagem de utilizadores], porque há muitas pessoas que têm seguros de saúde ou a ADSE“, afirma ao diário Margarida Jordão, da equipa da saúde oral da DGS.

Além disso, há outros fatores que podem explicar estas percentagens como, por exemplo, o caso de pessoas que têm o seu dentista há anos e não querem mudar de profissional — sobretudo quando estão em causa crianças — e o facto de cerca de metade dos profissionais não ter aderido a este programa.

De acordo com a responsável, sobretudo quando se fala de crianças, este resultado também se pode ficar a dever a falhas das escolas (onde são distribuídos os vales) ou dos centros de saúde (onde são emitidos), e, possivelmente, ao facto de os encarregados de educação deixarem passar o prazo de utilização.

A DGS declara que relativamente a outro indicador — o do número de cheques emitidos e utilizados (há pessoas que recebem mais do que um vale) —, este aponta para uma taxa de não utilização menor. Em 2019, foram emitidos cerca de 518 mil cheques e apenas um quinto (101 mil) não foram gastos, ou seja, uma percentagem de utilização da ordem dos 80% que tem estado estabilizada ao longo dos últimos anos.

O programa nacional de promoção da saúde oral foi lançado em 2008 e abrange apenas grupos considerados mais vulneráveis, como as grávidas e os idosos (beneficiários do complemento social), para além das crianças (sete, dez e 13 anos). Mais tarde, recorda o matutino, foi alargado aos portadores de VIH/Sida e a adolescentes de 16 e de 18 anos que tenham beneficiado anteriormente deste programa.

Segundo o Público, o alargamento da cobertura às crianças entre os dois e seis anos está previsto no programa do Governo, mas ainda sem data prevista para entrar em vigor. Espera-se que a medida avance nesta legislatura.

ZAP //

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