O mundo encontra-se repleto de estranhas e fascinantes criaturas, sendo que muitas delas ainda hoje continuam a espantar cientistas. Poderá ser real que uma tartaruga numa ilha do Oceano Atlântico tenha nascido na primeira metade do século XIX?
Plantation House, na ilha de Santa Helena, é a residência oficial do governador dos territórios britânicos ultramarinos no Sul do Atlântico onde vivem Jonathan, Myrtle e Fredrika – três tartarugas das cinco de uma espécie rara que habitam a ilha.
A mais velha é Jonathan, cuja idade registada é de 182 anos. Será possivelmente o animal mais velho do mundo.
“Ele está praticamente cego, por causa das cataratas, e já não tem olfacto – mas sua audição é boa”, diz Joe Hollis, um dos guias turísticos da ilha.
O animal é um espécime raro de tartaruga-das-seychelles, oriunda da ilha com mesmo nome, situada no Oceano Índico. As companheiras de Jonathan são de uma espécie ligeiramente diferente – o jabuti-gigante-de-aldabra, do atol com o mesmo nome.
Actualmente existem poucos jabutis-gigantes-de-aldabra no mundo – 100 mil, mas apenas algumas dúzias se conseguirão reproduzir.
Napoleão
A ilha de Santa Helena é famosa por estar isolada no meio do Atlântico Sul (no mapa, é um pequeno ponto entre a Bahia e Angola). Muitas vítimas do tráfico de escravos que adoeciam e não conseguiam completar a viagem entre África e a América ficavam nesta ilha onde acabavam por morrer poucos dias depois. Para além disso, Santa Helena abrigou ainda Napoleão.
Nenhum dos moradores sabe explicar como Jonathan veio aqui parar. No século XVII, os navios costumavam transportar centenas de tartarugas, muitas delas que serviam de refeição aos marinheiros.
Nas ilhas Galápagos, 200 mil tartarugas terão sido abatidas para serem servidas como refeição.
A pergunta que a todos intriga é: como é que Jonathan escapou a este destino?
Uma hipótese é a de que o governador da ilha na época, Hudson Janisch, o tenha adoptado como animal de estimação.
Desde Janisch, a ilha já teve 33 governadores, e ninguém quer ter a má sorte de ver Jonathan morrer durante o seu mandato.
O actual mandatário, Mark Capes, afirma que é importante que Jonathan seja “tratado com o respeito, atenção e carinho que merece”.
Uma foto de 1882 mostra Jonathan em tamanho adulto. Esta espécie leva 50 anos até atingir o seu tamanho pleno.
Caso Jonathan tenha realmente 182 anos, terá perdido, por uma década a hipótese de “conhecer” Napoleão, que morreu em 1821 – pouco mais de dez anos antes do nascimento de Jonathan, que se estima ter acontecido a 1832.
Os anos de “assédio” dificultaram ainda mais a vida de Jonathan. Por norma, os turistas costumam fazer o possível e o impossível para conseguir tirar uma imagem do animal.
Actualmente, é organizada uma fila para que os turistas possam – de longe – fotografar Jonathan.
A tartaruga também tem alguns privilégios. Jonathan ganha festas no pescoço e recebe bananas, repolho e cenouras para comer. Por norma come com tanta ferocidade que uma vez quase perdeu parte de um dos dedos. Por essa razão, foram colocadas luvas nas suas patas.
Tartarugas desta espécie podem viver até 250 anos. Os moradores da cidade já têm um plano especial para o “funeral” quando Jonathan morrer. O casco de Jonathan será exposto permanentemente em Santa Helena, havendo já fundos a ser recolhidos para criar uma estátua de bronze da tartaruga.
ZAP / BBC