A Academia de Amadores de Música de Lisboa vai ser despejada daqui a 10 meses e ainda não tem para onde ir. O Presidente da Câmara Carlos Moedas pede ajuda ao Governo.
Como 140 anos de existência, a Academia de Amadores de Música (AAM) é um espaço emblemático de Lisboa, que teve alunos como Fernando Lopes-Graça, Carlos Bica, Maria João Pires e Bernardo Sassetti, entre outros músicos famosos.
Mas, nesta altura, a instituição tem o futuro risco porque está a 10 meses do despejo e continua sem uma solução para a nova casa.
Entre petições públicas e pedidos de ajuda, a Câmara de Lisboa faz apelo ao Governo para resolver a situação.
“Lisboa pode ajudar, mas estamos aqui a falar de algo que é de âmbito nacional e de associações centenárias que merecem este espaço”, justifica o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, em declarações citadas pelo Observador.
“A Câmara tem feito todo o possível”, mas, “neste momento, ainda não a temos [a solução]”, realça ainda Moedas que faz “apelo ao Governo, ao Ministério da Cultura, aos vários ministérios”, para tentar resolver a situação.
“Fomos encostados entre a espada e a parede”
A ameaça de despejo das instalações que a AAM ocupa há mais de seis décadas vigora desde a actualização da renda que passou de 542 para 3.728 euros.
Nessa sequência, os responsáveis da AAM acordaram com o senhorio a permanência no local até 2025, altura em que o imóvel será colocado à venda.
O destino de 4 funcionários, 37 professores e 317 alunos está, assim, em risco, bem como todo o património da instituição que inclui um arquivo histórico e instrumentos musicais.
“É um património artístico na iminência de ruir”, lamenta o director da escola, Pedro Martins Barata, em declarações ao Observador.
“Fomos encostados entre a espada e a parede“, desabafa ainda, lamentando que “muito pouco foi feito ou nada” por parte do Governo e da Câmara Municipal.
Pedro Barata fala de “uma situação que é absolutamente patética” dadas as faltas de resposta da autarquia e do Governo.
“Nós é que andamos de nariz no ar a olhar para diferentes soluções“, incluindo edifícios do Estado ou da autarquia. Mas, até agora, nenhuma solução apresentada foi aceite.
A AAM tem o estatuto de Utilidade Pública Municipal e faculta ensino artístico a alunos de escolas privadas e públicas do concelho de Lisboa com quem tem contratos de patrocínio. Além disso, também actua ao nível do ensino supletivo, livre e de iniciação.