As marcas foram encontradas num pedaço de cerâmica e revelam que este hábito dos gatos já é milenar.
Numa fofa descoberta milenar, arqueólogos encontraram um pedaço de cerâmica com 1200 anos em Jerusalém com a marca de um gato a “amassar pãozinho” — ou seja, não é apenas a pegada a registar a pata do felino, mas também a marca das suas garras estendidas no clássico movimento.
Acredita-se que o gato tenha deixado a marca quando o oleiro (ou ceramista) deixou o jarro para secar no sol, antes de o colocar no forno para queimar. Com a superfície ainda húmida e maleável, a condição para imortalização da pata de um gato era perfeita.
Gatos e cerâmica antiga
Os cientistas determinaram que o gato estava a amassar pãozinho ao invés de apenas estar a descansar a pata no jarro por causa da posição das garras, estendidas no momento da marcação na cerâmica. A “impressão digital” foi notada após a escavação, tendo 3 cm por 3 cm de tamanho, com o braço que mede 2 cm por 1 cm.
Os restos foram recuperados de uma antiga região residencial em Monte Sião, na colina sudoeste de Jerusalém (não confundir com a Cidade de Davi na colina sudeste, também chamada de Sião na Idade do Ferro e no período persa da cidade). A idade do jarro, que teria sido usado para carregar líquidos como água, vinho e azeite de oliva é estimada para o século IX, durante o período Abássida (750 d.C. a 1258 d.C.).
O gato, então, teria vivido durante o Califado Abássida, dinastia islâmica que se seguiu ao Califado Omíada, numa Jerusalém que abrigava as religiões muçulmana, judaica e cristã, além de, é claro, muitos felinos.
Gatos são encontrados na região desde a pré-história, tendo sido importantes para o período Abássida, sendo mencionados na literatura islâmica, como o Hadice. O profeta Muhammad, por exemplo, tinha grande apreço pelos gatos, segundo registos.
Marcas em cerâmica antiga são comuns, com os responsáveis a abranger folhagens ou animais como lagartos, cobras e pássaros — as mais comuns, no entanto, são marcas de dedos humanos. Patas de gato aparecem bastante, mas a “amassar pãozinho”, é novidade. Na escavação de Monte Sião, muitas marcas humanas aparecem, provavelmente dos filhos do oleiro, responsáveis por colocar as alças.
Os gatos amassam pãozinho por várias razões, mas acredita-se que a principal seja para estimular o fluxo de leite nas mães, repetindo o comportamento quando estão confortáveis, lembrando a época de filhote. O ato provavelmente também ajuda a espalhar melhor o seu odor.
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