A capital do Zimbabué, Harare, amanheceu esta quinat-feira em aparente calma apesar da tensão que se vive no país após a intervenção militar contra o Governo do Presidente, Robert Mugabe.
De acordo com o Expresso, o Presidente Robert Mugabe terá assinado, durante a noite, um acordo com os militares através do qual abandona o poder no Zimbabué, abrindo assim espaço para que, nas próximas 24 horas, a Zanu PF, partido do poder, anuncie um Governo de transição, que liderará os destinos de Zimbabwe por três anos.
Depois de já ter assinado o acordo, os militares pressionam agora Mugabe para que apareça na televisão a anunciar oficialmente a decisão. Emmerson Mnangagwa, seu ex-vice presidente, passará então a assumir as funções interinamente.
Além da transição do poder, o acordo prevê a proteção de Mugabe da sua família. Igualmente, os militares e veteranos associados ao golpe de estado prometeram responsabilizar, por atos de corrupção o G40 (um grupo de propagandistas de Robert Mugabe).
Mnangagwa será auxiliado por Teurai Ropa e Richard Tsvangirai. O trio tem a missão de restaurar a economia zimbabuiana nos próximos três anos. A Zanu PF publicou, no final da tarde desta quarta-feira, uma série de mensagens a tranquilizar os zimbabuianos negando haver “golpe do Estado” e afirmando que a situação estava estável.
O Zanu PF disse que a detenção de Mugabe era um ato necessário, porque “nem Zimbabué nem a Zanu PF são propriedade de Mugabe e sua esposa“. Afirmam ainda que esta quarta-feira começa no Zimbabué uma nova fase na qual o “camarada Emmerson Mnangagwa ajudará o povo a alcançar um Zimbabué melhor”.
Por outro lado, o Observador não dá como certo que o Governo de transição, que estará no poder por três anos, seja encabeçado pelo ex-vice presidente.
O jornal adianta que estão a decorrer negociações entre entre Morgan Tsvangirai, líder do MDC, o maior partido da oposição e que chegou a governar em coligação com Robert Mugabe entre 2008 e 2013, e o representante dos veteranos de guerra do Zimbabué, Christopher Mutsvangwa. Segundo o Newsday, estão ambos a encetar negociações para formar um governo de união nacional e de transição.
As negociações também deverão, no entanto, incluir o ex-vice-presidente e autor moral do golpe militar, Emmerson Mnangagwa, que atualmente se encontra na África do Sul.