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Nove meses depois, Zidane volta ao sítio onde já foi feliz

O treinador francês Zinédine Zidane está de volta ao Real Madrid, nove meses depois de ter saído do emblema espanhol. Agatha Christie diz que nunca devemos voltar ao sítio onde fomos felizes, mas Zidane procura contrariar essa ideia.

“Estou muito feliz por voltar a casa”, disse o treinador na apresentação no Bernabéu. Zidane assume a liderança do Real durante as próximas três temporadas. “Quando me fui embora era o momento necessário para mim, para o balneário e para os jogadores. Eles precisavam. Não era porque me queria ir embora. Achei que depois de dois anos e meio a ganhar quase tudo, tinha de existir uma mudança“, acrescentou.

Com os evidentes fracassos de Julen Lopetegui e Santiago Solari no comando técnico do Real Madrid, os merengues decidiram voltar a apostar em Zinédine Zidane. O francês treinou os madrilenos entre 2015 e 2018, onde venceu nove troféus.

Apesar do relativo sucesso nacional — venceu apenas uma liga e uma supertaça —, o verdadeiro êxito de Zidane foi a nível internacional. Nos três anos passados no Real Madrid, Zizou venceu as três Ligas dos Campeões disputadas. Além disso, venceu duas vezes a Supertaça Europeia e outras tantas vezes o Campeonato do Mundo de Clubes.

Zidane foi aliciado pela possibilidade de reforçar o seu arsenal em Madrid. Segundo OJogo, o técnico francês têm sob mira uma série de jogadores de peso, entre os quais o brasileiro Éder Militão, jogador do FC Porto. Mbappé, Neymar ou Hazard são outros candidatos a um lugar nos Galáticos.

O próximo desafio do Real é já esta sexta-feira, na receção ao Celta de Vigo. Com 12 pontos a separar os merengues do Barcelona, as esperanças de ganhar a La Liga são mínimas, mas não nulas. O Real Madrid já foi arrumado de todas as competições, o que coloca uma menor pressão naquilo que é esperado de Zizou.

Portugal não é exceção

Há um fatídico destino, que pressupõe que voltar a um sítio onde já se foi feliz, nunca corre muito bem. No panorama português, Benfica, Porto e Sporting têm casos evidentes desse fracasso, de treinadores que sentiram isso na pele, revela o portal Para Eles.

Toni, antigo jogador e treinador do Benfica, que o diga. Nos três anos no comando técnico das “águias”, venceu dois títulos de campeão nacional e a chegou à final da Taça dos Campeões Europeus de 1987/88.

Galvanizado pelo anterior sucesso, Toni regressou ao Benfica anos mais tarde e esteve no banco dos encarnados na temporada de 2000/01, aquela que foi a pior da história do Benfica, após terminar no sexto lugar do campeonato.

Alguns adeptos do Porto devem lembrar-se também do nome de Tomislav Ivic. O jugoslava pôs os “dragões” a jogar um futebol de grande qualidade, terminando a sua época de estreia no topo da liga, com uma vantagem de 15 pontos sobre o Benfica. Conquistou a Taça Intercontinental, a Supertaça Europeia, a Taça de Portugal e a Supertaça.

O seu sucesso nas Antas levou-o até Paris, para o comando técnico do PSG. Quando regressou em 1993/94, não conseguiu estar à altura das expectativas, que ele próprio tinha criado. Os seus péssimos resultados levaram-no a ser despedido no final da primeira volta do campeonato.

Os “leões” também não escapam à regra e o regresso de Manuel José foi também um dos mais desastrosos na história do clube. O treinador esteve no Sporting na época de 85/86 e, apesar de não ter ganho nada, ficou para a eternidade uma vitória estrondosa de 7-1 ao Benfica.

Três anos depois regressou a Alvalade e apenas somou 15 vitórias em 28 jogos oficiais e foi despedido antes da primeira volta do campeonato.

Leonardo Jardim, o Zidane madeirense

O antigo treinador do Braga e do Sporting está a mostrar que voltar a um sítio onde se foi feliz, pode por vezes ser algo bom. No início desta época, Leonardo Jardim foi despedido do comando técnico do AS Mónaco. Com apenas uma vitória em 12 jogos entre todas as competições, Jardim foi descartado do emblema monegasco.

A solução do clube que atua no principal escalão francês de futebol foi ir buscar o treinador Thierry Henry, uma antiga glória do clube. A verdade é que Henry não conseguiu inverter a situação e levou o Mónaco até aos últimos lugares da Ligue 1, o que resultou na rescisão prematura do contrato do francês.

Perante esta situação, o Mónaco voltou a apostar em Leonardo Jardim e anunciou a sua contratação no dia 25 de janeiro. Desde então, os monegascos ainda não perderam para a liga, somando três vitórias e quatro empates.

Contra todas as expectativas, o treinador português Leonardo Jardim conseguiu, desta maneira, resgatar o Mónaco dos lugares de despromoção. O Mónaco ocupa o 17º lugar da Ligue 1, com 27 pontos em 28 encontros.

Resta agora saber se Zinédine Zidane terá o mesmo destino no Real Madrid ou se confirmará as suposições de Agatha Christie e se arrependa de regressar a um sítio onde já foi muito feliz e onde se fartou de vencer.

DC, ZAP //

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