O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, apelou hoje aos países membros da NATO para que prestem “assistência militar sem restrições” ao seu país, lamentando não ter recebido os meios que pediu, designadamente caças e tanques, para enfrentar o exército russo.
“Para salvar o povo e as nossas cidades, a Ucrânia necessita de assistência militar sem restrições. Tal como a Rússia utiliza, sem restrições, todo o seu arsenal contra nós”, disse Zelensky, numa mensagem vídeo publicada na sua conta na plataforma Telegram, dirigida aos chefes de Estado e de Governo da Aliança Atlântica, hoje reunidos numa cimeira extraordinária em Bruxelas.
O Presidente ucraniano insistiu que “o exército ucraniano tem resistido durante um mês em condições desiguais” e lembra que “há um mês” que tem vindo a alertar para isso, sem efeitos práticos.
Renovou assim o apelo para que os membros da Aliança disponibilizem aviões de combates e tanques, em particular para “desbloquear” Mariupol, Berdiansk ou Melitopol, cidades no sul da Ucrânia sitiadas ou ocupadas pelo exército russo.
“Têm milhares de aviões de combate, mas ainda não nos foi dado nenhum. Têm pelo menos 20.000 tanques. A Ucrânia pediu um por cento de todos os vossos tanques. Deem-nos ou vendam-nos, mas ainda não temos uma resposta clara, e a pior coisa durante uma guerra é não ter respostas claras aos pedidos de ajuda”, disse.
Zelenskyy reiterou ainda o apelo a que a NATO institua uma zona de exclusão aérea, mas esse cenário voltou a ser liminarmente recusado hoje pelo secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, à chegada à cimeira de líderes, em Bruxelas.
“Impor uma zona de exclusão aérea significaria que teríamos de atacar de forma maciça sistemas de defesa da Rússia, na Rússia, na Belorrússia e na Ucrânia. E teríamos também de abater aviões russos, o que tornaria muito alto o risco de uma confrontação entre NATO e Rússia”, cenário que a Aliança tem a responsabilidade de evitar, afirmou o secretário-geral.
Naquela que é a primeira reunião presencial dos chefes de Estado e de Governo da NATO desde o início da guerra na Ucrânia, há exatamente um mês, os líderes dos 30 países membros deverão concordar em fornecer apoio adicional aos ucranianos, designadamente “assistência cibernética de segurança” e “equipamento para ajudar a Ucrânia a proteger-se contra ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares”.
Os aliados deverão também aprovar hoje o aumento de forças no leste da Europa, designadamente através do “empenhamento de quatro novos grupos de combate” para a Bulgária, a Hungria, a Roménia e a Eslováquia, anunciou, na quarta-feira, Stoltenberg.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 977 mortos, dos quais 81 crianças e 1.594 feridos entre a população civil, incluindo 108 menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,6 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
// LUSA
Guerra na Ucrânia
-
3 Dezembro, 2024 Adesão da Ucrânia à NATO nunca será imediata, diz Rangel
-
2 Dezembro, 2024 Problema para a Ucrânia: 50 mil soldados desertaram neste ano
-
30 Novembro, 2024 Rússia já iniciou “guerra secreta” com Ocidente. Mapa mostra como