Os EUA vão dar à Ucrânia “minas antipessoais não persistentes”, equipadas com dispositivos de autodestruição ou autodesativação. Zelenskyy agradeceu e afirmou que estes explosivos controversos vão ser “muito importantes” para a defesa do país.
Enterradas ou escondidas no solo, as minas antipessoais explodem quando alguém se aproxima ou entra em contacto com elas, causando frequentemente mutilações ou mesmo a morte.
São essencialmente usadas em conflitos armados para restringir o movimento de tropas inimigas e proteger áreas estratégicas.
As minas não distinguem entre soldados e civis e continuam a explodir muito depois de terem sido colocadas, podendo afetar toda a gente.
Este tipo de explosivos representa, por isso, uma ameaça significativa para as populações civis, especialmente em regiões pós-conflito, podendo permanecer ativas durante décadas, em qualquer espaço ou terreno.
Em 1997, cerca de 164 Estados e territórios, incluindo a Ucrânia, assinaram a Convenção de Otava sobre a proibição e eliminação das minas antipessoais.
No entanto, nem a Rússia nem os Estados Unidos ratificaram a convenção.
O exército russo tem utilizado estes explosivos “extensivamente” em território ucraniano desde a invasão em larga escala em fevereiro de 2022, com “pelo menos 13 tipos de minas antipessoais implantadas”, segundo um relatório publicado esta quinta-feira pelo Landmine Monitor.
Esta quinta-feira, Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, afirmou que as minas antipessoais fornecidas por Washington a Kiev, sob críticas de várias organizações não-governamentais (ONG), são “muito importantes” para travar o avanço do exército russo no leste do país.
O líder ucraniano congratulou-se com o fornecimento de uma nova parcela de ajuda militar norte-americana, que inclui minas antipessoais terrestres “muito importantes (…) para travar os ataques russos”, à medida que o exército de Moscovo avança contra as tropas ucranianas, menos numerosas e menos bem armadas.
EUA reforçam arsenal ucraniano
Na terça-feira, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos anunciou a doação de pelo menos 260 milhões de euros à Ucrânia em novas armas, antes de Donald Trump tomar posse como Presidente, a 20 de janeiro de 2025.
Várias ONG criticaram a decisão dos Estados Unidos, qualificando-a de “injustificável” e sublinhando as consequências destas armas proibidas internacionalmente para os civis, a longo prazo, apesar de se destinarem a travar o avanço russo em território ucraniano.
Este último abastecimento de material militar ocorre numa altura em que as preocupações sobre o agravamento do conflito têm aumentado.
No passado fim de semana, o Presidente dos EUA, Joe Biden, concedeu à Ucrânia autorização para disparar mísseis de longo alcance de fabrico norte-americano contra a Rússia.
Na sequência, o Presidente russo Vladimir Putin reagiu com o alargamento da doutrina russa sobre o uso de armas nucleares.
A administração de Joe Biden está a apressar-se para fazer o máximo que puder para ajudar Kiev a combater a Rússia nos dois meses que restam ao atual Presidente norte-americano, pois o pacote de ajuda está ainda por aprovar.
Questionado na terça-feira se um ataque ucraniano com mísseis norte-americanos de longo alcance poderia potencialmente desencadear o uso de armas nucleares, o porta-voz da Presidência da Rússia, Dmitry Peskov, respondeu afirmativamente.
Peskov apontou para a disposição da doutrina que mantém a porta aberta após um ataque convencional que levanta ameaças críticas à “soberania e integridade territorial” da Rússia e da sua aliada Bielorrússia.
Sob anonimato, fonte norte-americana, citada pela agência noticiosa Associated Press (AP), disse que os Estados Unidos não veem indicações de que a Rússia se esteja a preparar para usar armas nucleares na Ucrânia.
Uma autoridade dos EUA, que também não quis ser identificada, disse que a Ucrânia disparou na terça-feira oito mísseis ATACMS contra a Rússia e que apenas dois foram intercetados, estando em curso uma avaliação aos danos provocados num armazém de munições em Karachev, na região de Bryansk.
Esta quinta-feira, a Rússia terá lançado o primeiro míssil balístico intercontinental.
ZAP // Lusa
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