A supremacia de Chris Froome, evidenciada com o triunfo há um ano na Volta à França em bicicleta, parece seriamente ameaçada por Alberto Contador, que procura, a partir de sábado, recuperar a glória perdida no Tour de France.
Os dados podem ter sido lançados antes mesmo da Grand Boucle sair para a estrada, o que acontece este sábado, em Leeds, no Reino Unido. Reunidas as guardas de honra, salta à vista a ausência de dois pilares fundamentais na estratégia dos dois principais favoritos, e também da grande revelação de 2013, o colombiano Nairo Quintana.
Se, por um lado, Chris Froome exigiu a ausência de Bradley Wiggins da equipa da Sky – o campeão de 2012 passou a época a dizer que queria estar no Tour, mas a guerra de palavras entre as estrelas da Sky deixou feridas insuperáveis na relação dos dois britânicos -, o espanhol Contador também perdeu este sábado aquele que foi o responsável pelo seu quarto lugar no ano passado.
Roman Kreuziger, a braços com alegadas irregularidades no seu passaporte biológico, foi preterido pela equipa Saxo-Tinkoff, que agora terá de improvisar alguém para fazer o papel de rebocador – função que o checo, quinto classificado em 2013, assumiu na passada edição.
Expectativas em alta para Contador
Com Sérgio Paulinho mais uma vez ao seu lado, o vencedor do Tour em 2007 e 2009 (o título de 2010 foi-lhe retirado na secretaria, devido a um resultado positivo por clembuterol) pode ter nesta 101ª edição a sua oportunidade de ouro para regressar ao primeiro lugar da lista dos melhores ciclistas da atualidade.
Desde o pesadelo vivido pós-Tour 2010, que incluiu um ano de suspensão e o apagar dos seus resultados de 2011, Contador – “El Pistolero” -, que ganhou a Vuelta 2012, nunca conseguiu voltar ao nível a que habituou o público na principal prova de ciclismo internacional.
Mas, esta temporada, Contador tem sido superior a Froome: venceu o Tirreno-Adriatico e a Volta ao País Basco, fez segundo no Critério do Dauphiné, principal barómetro de forças para o Tour, assim como na Volta ao Algarve e na Catalunha, e é líder do ranking da União Ciclista Internacional (UCI), enquanto o britânico foi primeiro “só” em Oman e na Volta à Romandia, terminando o Dauphiné num modesto 12º lugar, depois de ter caído na sexta etapa.
Contador, Froome e a concorrência
Dificilmente alguém se intrometerá no duelo entre os líderes da Tinkoff-Saxo e da Sky, mas, a haver um outsider, será, quase obrigatoriamente, Vincenzo Nibali (Astana), o ciclista mais consistente nas grandes Voltas nos últimos anos, que preferiu não defender a vitória no Giro para se concentrar no Tour.
O italiano, de 29 anos, surge como o primeiro dos outros favoritos, numa lista que inclui também os espanhóis Alejandro Valverde (Movistar), oitavo em 2013, ou Joaquim Rodriguez (Katusha), o terceiro classificado no ano passado em Paris, que ainda está convalescente de uma queda no Giro.
E há também o holandês Bauke Mollema (Belkin), que impressionou na 100.ª edição, mas acabou em sexto, a promessa norte-americana Andrew Talansky (Garmin-Sharp), vencedor do Critério do Dauphiné, e, por que não, o português Rui Costa (Lampre-Merida).
O ciclista da Póvoa de Varzim, de arco-íris vestido, vai ser líder pela primeira vez na sua carreira e tem os olhos do mundo virados para si. No entanto, sonhar com um lugar no pódio será pedir demasiado ao campeão do Mundo, que, apesar de se ter proclamado tricampeão da Volta à Suíça, nunca foi além do 18º posto, em 2012.
Os cinco momentos-chave da Tour de France
Tudo deverá ficar definido em cinco momentos-chave, espalhados ao longo dos 3.664 quilómetros que vão ligar Leeds, no Reino Unido, a Paris, entre 5 e 27 de julho. O primeiro será a visita ao “Inferno do Norte”, com a quinta etapa a percorrer o temível “pavé” da Paris-Roubaix, num dia em que todas as atenções serão insuficientes para escapar aos azares.
Sem Alpe d’Huez ou Mont Ventoux no traçado, as grandes dificuldades montanhosas estarão reservadas para a 10ª etapa, com a chegada à Planche des Belles Filles, para a 14ª, com a passagem pelo Col d’Izoard, o ponto mais alto desta edição, e para a 18ª, com a meta a coincidir com o Hautacam.
Se a montanha não tiver decidido o pódio final, restarão os 54 quilómetros do contrarrelógio entre Bergerac e Périgueux, marcado para a penúltima etapa, para definir o vencedor, que passeará de amarelo até Paris na última etapa.
ZAP / Futebol365 / Lusa
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