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Real Academia contra-ataca: “incontestavelmente”, a primeira volta ao mundo foi só espanhola

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Maurizio Mori / Flickr

Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa.

A Real Academia de História de Espanha divulgou este domingo um relatório em que atesta que a primeira viagem de circum-navegação da Terra foi um projecto total e exclusivamente espanhol. Fernão de Magalhães planeou a viagem, mas esta acabou por ser financiada pelo reino de Espanha.

“Com esses dados, absolutamente documentados, é incontestável a plena e exclusiva autoria espanhola da empresa”, conclui a Real Academia de História (RAH) num relatório datado de 1 de março deste ano e publicado este domingo no site.

A instituição espanhola explica que o documento foi elaborado pela “necessidade social de responder às muitas questões levantadas pelas autoridades portuguesas ao tentar capitalizar a autoria da viagem, pelo facto de “Magalhães ser natural de Portugal”.

“Com este relatório pretende-se evitar que a comemoração dos 500 anos da viagem se converta numa fonte de divisão entre os dois países vizinhos“, segundo a RAH.

Os chefes da diplomacia de Portugal e de Espanha anunciaram em Madrid, a 23 de janeiro, a apresentação conjunta de uma candidatura a património da humanidade da primeira viagem de circum-navegação do globo, depois de “dissipadas todas as dúvidas”.

“Decidimos que Portugal e Espanha, através dos seus embaixadores na UNESCO, irão apresentar conjuntamente a candidatura” da rota da viagem iniciada pelo português Fernão de Magalhães e terminada pelo espanhol Sebastião Elcano, disse na altura o chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva.

O relatório da RAH foi elaborado a pedido do diário ABC, que antes desse anúncio tinha avançado que, numa candidatura inicial da rota de Magalhães apresentada por Portugal à UNESCO, o governo português teria apagado o império espanhol da história ao quase não fazer referência ao nome de Sebastião Elcano ou o papel preponderante de Espanha na realização da viagem.

Fernão de Magalhães, que planeou a viagem que acabou por ser financiada por Espanha, não terminou a expedição, uma vez que morreu nas Filipinas, em 1521, aos 41 anos, tendo esta sido concluída pelo navegador espanhol Sebastião Elcano.

No seu relatório, a RAH relata que Magalhães, natural de Portugal, “serviu esta coroa fazendo várias viagens pelo Índico”, mas que em 1517 “agastado com D. Manuel de Portugal por não reconhecer os seus méritos, decide abandonar o seu país, deixar de servir o seu rei e viajar para Espanha, […] onde se instalou, contraiu matrimónio e, desde essa altura, serviu o rei Carlos I“.

O documento sublinha que, na altura, Portugal tentou, “por todos os meios, que a viagem não se realizasse” por esta ter sido “entregue a uma empresa espanhola”, qualificando Magalhães de “renegado” e “traidor”, o que continuou a ser feito por “uma parte” dos historiadores portugueses.

ZAP // Lusa

10 Comments

  1. Hahahaaaaa….. estes espanhóis são mesmo “chorões”!…
    O projeto de circum-navegação foi totalmente português – a execução é que teve mão espanhola!!
    Fernão de Magalhães era português, plenou tudo em Portugal e só recorreu à coroa espanhola por não ter apoio/financiamento em Portugal!
    Concordo com a candidatura conjunta mas a Real Academia deve querer “música”!…

  2. Fernão de Magalhães… O Saramago do Sec. XVI.
    Olhem que não sei se é mais grave eles dizerem (com alguma razão) que a circum-navegação foi totalmente um projecto Espanhol… Ou se é mais grave Portugal ter tentado apagar o papel central de Espanha na execução do projecto. Vistas bem as coisas, Colombo também era Genovês e ninguém lhe passa pela cabeça dizer por isso que a descoberta da América em 1492 foi conjuntamente Espanhola e Italiana.

  3. Os espanhóis fizeram a primeira viagem de circum-navegação mas foi à volta de Olivença, carvalho! Que de resto ainda deveria ser nossa.

    • Olivença deveria ser nossa, e é! Não se entende é por que razão a situação de posse dessa faixa de terra do lado de lá do Guadiana continua como sendo deles. Como não se entende a razão de Portugal não exigir o seu-a-seu-dono.
      Se os governantes não têm “tomates” para resolver o problema, é dar a vez ao POVO.

  4. Não é de admirar a pretensão de Espanha. Aliás, eles são useiros e vezeiros no que toca a chamar a si o que deles não é. Basta só parecer que seja… para passar a ser.
    Quanto à célebre viagem de Magalhães, bastaria que o navegador não tivesse sido português nem vivido quase toda a sua vida em Portugal e/ou ao serviço de Portugal para que a viagem não se fizesse.
    A viagem foi paga por Espanha, é verdade, mas toda a ciência que a suportou era portuguesa.

    Naquela altura, Portugal conhecia bem a vizinhança, com quem tinha tratados a respeitar, e sabia com o que teria de contar se a decisão da viagem partisse do nosso rei. Daí não ser a favor dela.
    Com a “emigração” de Magalhães e consequente casamento com a espanholita, o monarca do lado não perdeu tempo com “assédios”. E a ganância do nosso navegador por mais um feito levou-o a atraiçoar os intentos do seu país de origem.

  5. Por este andar também qualquer dia vão dizer que o Cristiano Ronaldo é espanhol e que os troféus ganhos por ele também o são.

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