Longevidade dos seus habitantes já motivou estudos à vila por parte de demógrafos que pretendem entender o que a distingue das demais.
Uma vila na zona montanhosa da ilha da Sardenha está nas bocas do mundo graças ao número crescente de residentes a bater a marca dos cem anos de idade. Entre uma população de cerca de 1765 habitantes, estima-se que sejam dez as pessoas vivas que conseguiram tal feito. A região já foi, de resto, identificada como uma das cinco no mundo com concentração de indivíduos que já ultrapassaram o século de vida. Em toda a ilha, estimam-se que sejam mais de 530 pessoas, ou seja, 33.6 por 100 mil habitantes.
No entanto, Perdasdefogu, uma vila situada no alto das montanhas da zona sul da Sardenha, à qual só se pode aceder através de uma estrada estreita e irregular destaca-se das demais, já que o seu número de centenários é 16 vezes superior à média nacional.
“A presença de 10 centenários confirma a excecional longevidade dos habitantes de Perdasdefogu e coloca a barreira ainda mais alta” descreve Luisa Salaris, professora de demografia da Universidade de Cagliari. As notícias sobre o território e a sua ligação a uma esperança média de vida mais elevada não são nocas. Em 2012, a família Melis, composta por nove irmãos e irmãs, entraram para o Guiness com o recorde de irmãos mais velhos vivos, já que as suas somadas contabilizavam um total, nada mais nada menos, do que 818 anos.
Ainda no que respeita a recordes, o cidadãos mais antigo a alguma vez viver na ilha foi Consolata Melis, a mais velha dos irmãos, que faleceu em 2015, com 108 anos. Antonio Brundu, que completa 104 anos em março, é o residente mais velho da atualidade.
Para além de este ser um fenómeno que lhe garante fama além fronteiras, a vila insular italiana também faz questão de celebrar cada centenário, no entanto, a pandemia da covid-19 obrigou a que estas tivessem de ser redimensionadas. Vittorio Lai, um dos mais recentes membros do reservado clube, fê-lo oferecendo um almoço à família e aos amigos. Citado pelo The Guardian, disse ter tido “centenas” de empregos ao longo da sua vida. “Eu era pastor, operário, trabalhador de armazém e cozinheiro, mas sem saber cozinhar.”
Já Puuccia Lai, que completa 100 anos a 21 de fevereiro, prefere assinalar a data em Milão, onde se vai encontrar com o presidente da Câmara e com os seus filhos – mesmo que a viagem pressuponha uma viagem de avião. “Experienciei a fome e a guerra, vivi durante o fascismo e a democracia. Votei, como mulher, pela primeira vez a 2 de janeiro de 1946. Conheci 10 papas, desde Pio X a Francisco.”