O Planalto de Chajnantor, no Deserto de Atacama, recebe tanta luz solar como Vénus, o planeta mais quente do Sistema Solar.
Um novo estudo publicado na Bulletin of the American Meteorological Society identificou o Altiplano do Deserto de Atacama, na América do Sul, como o local mais soalheiro do planeta. A intensidade solar deste planalto é comparável à quantidade de luz que a que Vénus, o planeta mais quente do nosso Sistema Solar, é exposto.
Dados de satélite já tinham sugerido que o Altiplano, que se estende por partes do Chile, Bolívia e Peru, era o lugar mais ensolarado da Terra. A sua altitude média de 3750 metro faz dele o segundo planalto mais alto do mundo, depois do Tibete.
Para confirmar as suspeitas levantadas pelo satélite, os investigadores criaram um observatório atmosférico na borda noroeste do Planalto de Chajnantor, no Deserto de Atacama do norte do Chile, em 2016.
Os dados do observatório confirmaram as previsões do satélite, registando um recorde de iluminação solar de 2177 watts por metro quadrado em janeiro de 2017. A média anual foi de 308 watts por metro quadrado, a mais alta em todo o mundo.
“É a radiação que receberíamos no Verão se estivéssemos em Vénus”, explicou Raul Cordero, autor do estudo e climatologista da Universidade de Groningen, nos Países Baixos, numa declaração ao The Washington Post.
Apesar da proximidade de Mercúrio ao Sol, Vénus mantém o título de planeta mais quente do Sistema Solar devido à sua espessa atmosfera que prende o calor como uma estufa. A temperatura média da superfície de Vénus chega aos 470°C, sendo quente o suficiente para derreter chumbo. Embora o Deserto de Atacama não atinja estas temperaturas escaldantes, a intensidade da sua luz solar é comparável.
O estudo também descobriu que as nuvens finas e fragmentadas em alta altitude podem ocasionalmente aumentar a intensidade da luz Sol ao refletir a radiação. Esta reflexão, combinada com a baixa cobertura de nuvens da região, contribui para a quantidade extrema de luz solar.
A equipa sugere ainda que o Planalto de Chajnantor é o “lugar ideal para testar a segurança, durabilidade e design de futuras centrais fotovoltaicas à prova de variação” devido à sua excepcional exposição solar. No entanto, também enfatizaram a necessidade de proteção de alto nível para a pele daqueles que estão expostos a tais níveis de radiação.