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Virtualmente, Rússia e Ucrânia já estão em guerra

powtac / Flickr

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Especialistas na área de segurança alertaram para a verdadeira batalha que Ucrânia e Rússia estão a travar no campo da Internet e das comunicações móveis.

Forças de segurança da Ucrânia acusaram o Exército da Rússia de ter bloqueado comunicações de telemóveis no país. Hackers ucranianos, por sua vez, disseram ter “vandalizado” o site de uma emissora internacional de TV russa.

Na terça-feira, autoridades ucranianas disseram que telemóveis de deputados do Parlamento ucraniano tinham sofrido “ataques” na Crimeia.

“Na entrada da (empresa de telecomunicações) Ukrtelecom, na Crimeia, de forma ilegal e em violação de todos contratos comerciais, foi instalado um equipamento que bloqueia o meu telefone, bem como o telefone de outros políticos, independentemente de sua filiação partidária”, disse um chefe do setor de segurança da Ucrânia, Valentyn Nalivaichenko.

A companhia ucraniana Ukrtelecom disse que suas instalações tinham sido invadidas por homens armados e que cabos de fibra ótica foram adulterados, prejudicando os serviços oferecidos a alguns utilizadores.

Autoridades da Rússia não comentaram se o país estaria ou não por trás dos incidentes, mas especialistas internacionais acreditam que a Rússia estaria a usar a sua capacidade de impor ciberataques com parcimónia.

Marty Martin, ex-funcionário sénior da CIA, a agência de espionagem norte-americana, diz esperar ataques cibernéticos mais extremos apenas se houver uma escalada acentuada no conflito entre os dois países.

De acordo com Martin, um ataque que interrompesse as redes de comunicação da Ucrânia poderiam ameaçar os próprios interesses russos porque ”se fizerem isso, perdem o fluxo de inteligência. O melhor a fazer é monitorizar”.

Estónia e Geórgia

Em 2008, durante uma escalada de tensão entre Rússia e Geórgia, hackers promoveram ataques distribuídos de negação de serviço (também conhecidos como DDoS Attack, a abreviação em inglês para Distributed Denial of Service) para sobrecarregar sites e servidores da Geórgia nas semanas que antecederam a invasão militar russa.

Na época, o governo da Geórgia afirmou que a Rússia estava por trás dos ataques DDoS, mas o Kremlin negou a acusação, alegando que os ataques poderiam ter sido realizados por qualquer pessoa, dentro ou fora da Rússia.

Em 2007, houve ataques parecidos contra os serviços de Internet na Estónia, causando distúrbios no seu sistema financeiro. Estes ataques coincidiram com divergências entre Estónia e Rússia sobre a mudança de sítio de um memorial soviético de guerra.

Guerra encoberta

Ao passo que uma ação militar é visível e sujeita ao escrutínio da comunidade internacional, os ciberataques são considerados mais difíceis de rastrear e de atribuir a uma única fonte.

Para especialistas, tanto a Rússia como a Ucrânia poderiam aproveitar-se dos chamados hackers “patrióticos” para promover ataques do tipo.

“Se os russos forem capazes de fazer com que seus hackers patrióticos efetivamente participem da guerra em prol da sua causa, isso poderia ser muito eficaz”, comenta Paul Rosenzweig, um ex-funcionário do setor de segurança nacional e fundador da Red Branch Consulting, que aponta também para vantagens da Ucrânia no campo das batalhas cibernéticas.

“Muitas vezes confundimos grupos ucranianos com grupos russos já que contam com endereços de IP (Internet Protocol) semelhantes e coisas assim. Mas os ucranianos, por serem um pouco mais ocidentalizados, contam com especialistas em outros países. É um grupo muito eficaz com bases fora. Uma diáspora, por asim dizer. Mas ainda não sabemos se eles estarão motivados a lutar ou não”, diz o especialista.

Um grupo de hackers ucraniano, Cyber-Berkut, postou uma lista de 40 sites que vandalizaram desde o início do conflito. Entre eles está o da página da emissora estatal russa Russia Today, que, por um breve período teve a palavra “russos” alterada para “nazistas”.

Mas Rosenzweig frisa que “não se deve superestimar a importância de ciberataques“, dizendo que seria como comparar a ação de tanques de guerra com a de balas.

ZAP / BBC

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