Uma nova pesquisa revela que as crianças consideram os robôs mais confiáveis do que os humanos, principalmente as crianças mais novas.
Um estudo recente publicado na revista Computers in Human Behavior explorou a forma como as crianças decidem em quem confiar quando confrontadas com informações contraditórias de humanos e robots.
O estudo, centrado em crianças com idades compreendidas entre os três e os seis anos, concluiu que as crianças são mais susceptíveis a confiar nos robôs do que nos humanos, mesmo quando ambas as fontes são consideradas fiáveis.
O objetivo dos investigadores era compreender a influência dos robôs e dos dispositivos tecnológicos na aprendizagem e no desenvolvimento das crianças.
Com a presença crescente destes dispositivos na vida das crianças, é crucial compreender como estas interacções moldam a sua confiança e os seus processos de tomada de decisões.
O estudo envolveu 118 crianças recrutadas através de listas de correio eletrónico, redes sociais e do sítio Web “Children Helping Science”. Após a exclusão dos dados de sete participantes que falharam nas verificações preliminares, 111 crianças participaram na análise final.
Realizado online através da plataforma de inquéritos Qualtrics, o estudo exigiu a orientação dos pais enquanto as crianças viam vídeos com diferentes pares de agentes, explica o Psy Post.
As crianças foram distribuídas aleatoriamente para verem vídeos de três pares de agentes diferentes: um humano fiável e um robô fiável, um robô fiável e um humano não fiável, ou um humano fiável e um robô não fiável.
Esta conceção permitiu aos investigadores avaliar as preferências das crianças por agentes fiáveis e não fiáveis.
O estudo consistiu em três fases: história, teste e preferência. Na fase da história, as crianças viram vídeos em que os agentes rotulavam correta ou incorretamente objectos familiares, estabelecendo a fiabilidade ou não fiabilidade de cada agente.
Na fase de teste, as crianças viram os agentes a etiquetar objetos novos com nomes desconhecidos e foi-lhes perguntado a quem queriam perguntar o nome (ensaios de pergunta) e qual a etiqueta que consideravam correcta (ensaios de aprovação). Esta fase mediu a confiança com base na fiabilidade estabelecida dos agentes.
A fase de preferências avaliou as atitudes sociais das crianças em relação aos agentes, perguntando-lhes a quem preferiam contar um segredo, ser amigos, pensar que é mais inteligente e preferir como professor.
Os resultados mostraram que as crianças preferiam o agente fiável, tanto nas provas de perguntar como de aprovar. No entanto, em cenários em que ambos os agentes eram fiáveis, as crianças mostraram uma preferência acentuada pelo robô.
A idade influenciou estas decisões, com as crianças mais velhas a tenderem mais para a confiança nos humanos, enquanto as crianças mais novas preferiam os robôs.
Na fase de preferência, as crianças preferiam geralmente os robôs para partilharem segredos, serem amigos e professores, especialmente na condição de robô fiável. Consideravam os robôs mais inteligentes e mais competentes, atribuindo os erros mais aos humanos.
Estas conclusões desafiam o pressuposto de que as crianças preferem naturalmente os informadores humanos aos robôs. Em vez disso, evidenciam uma vontade de confiar em robôs fiáveis, o que tem implicações significativas para a integração de robôs em contextos educativos e de desenvolvimento para crianças.